Alzheimer acomete 11,5% da população idosa do País
Associação Brasileira de Alzheimer aponta que 1,2 milhão de brasileiros convivem com esse tipo de demência
Lavrador em uma chácara no interior de Felixlândia (MG), Geraldo Antônio Valadares, 61 anos, esqueceu como regar o jardim do local. Há um ano, o comportamento chamou a atenção da família, que decidiu levá-lo ao geriatra. Após uma série de exames e avaliações, veio o diagnóstico: Geraldo fora acometido pelo mal de Alzheimer.
Ao lado da mulher, Marina Valadares, com quem está casado há mais de 30 anos, o lavrador cuidava da plantação. Hoje, a situação é diferente. "Não sabe mais tomar banho sozinho e muitas outras coisas da rotina diária ele esqueceu", disse a esposa Marina.
Uma das variações da demência, a doença é comum em pacientes nessa faixa etária. Segundo o Ministério da Saúde, a prevalência com pessoas com 65 anos ou mais é de 11,5%. A Associação Brasileira de Alzheimer aponta que 1,2 milhão de brasileiros convivem com esse tipo de demência.
Atendimento
Ao procurar o Sistema Único de Saúde (SUS), os familiares e pacientes têm acesso ao tratamento integral e gratuito, o que inclui diagnóstico, medicações e monitoramento da doença. Para tanto, são realizados exames de imagem do cérebro, como tomografias e ressonâncias, mas a avaliação clínica é ainda mais preponderante na definição do quadro.
Apesar de não ter cura, existe tratamento para aliviar os sintomas do Alzheimer. Os medicamentos e os serviços multidisciplinares para melhorar a qualidade de vida dos pacientes estão disponíveis na rede pública de saúde do Brasil.
Essa iniciativa inclui fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e suporte psicológico e familiar. Hoje, 139 Centros Especializados em Reabilitação pelo País fornecem esse atendimento global aos pacientes. Além disso, o SUS também distribui a Memantina, usado no tratamento de pessoas com Alzheimer.
Mudanças
A doença se manifesta a partir da atrofia do cérebro, que perde neurônios e sinapses. Além disso, o acúmulo da proteína beta-amiloide na massa encefálica também contribui para as alterações.
Esse quadro leva a mudanças de comportamento e falhas cognitivas de memória, orientação, atenção e linguagem. "A nossa vida mudou completamente. Ele demora muito para responder. E a maioria das perguntas que faço para ele, o Geraldo não sabe ou esqueceu", lamentou Marina.
Presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, o geriatra do Hospital Universitário de Brasília (HUB) Marco Polo Dias Freitas explica que a família deve estar atenta a esses sinais. E ressalta: perda de memória não significa necessariamente uma doença. "Para falar do ponto de vista de demência, é quando a pessoa começa a perder habilidades adquiridas e deixa de fazer coisas que aprendeu ao longo da vida, muitas vezes são habilidades mais complexas. Aí começa a ser preocupante."
Dependência
Foi assim também com o metalúrgico aposentado, Geraldo Marcari (66). Além de trabalhar na usina em São José do Rio Preto (SP), era treinador do time de futebol da cidade. Quando ele deixou os treinos, a filha, Juliana Marcari, percebeu que algo estava errado. Ela é a responsável pelos cuidados com o pai há sete anos. "Ele hoje é 100% dependente, não sabe jogar bola, não sabe fazer mais nada que fazia antigamente, não se lembra nem dos amigos da firma e nem do nome da firma."
Estágios
Doença degenerativa e progressiva, a demência leva os pacientes a três fases:
Leve: é comum que os pacientes tenham perda de memória recente e fiquem desorientados em relação ao tempo e espaço, além de poderem apresentar sinais de agressividade e queda de motivação.
Moderada: com a progressão da doença, o esquecimento se torna mais profundo, e o paciente tem mais dificuldades de lembrar acontecimentos e nomes de conhecidos. Ele passa a depender de ajuda de cuidadores para realizar a higiene pessoal e apresenta dificuldades na fala.
Grave: no período mais avançado, o resgate de memórias mais enraizadas também representa um grande esforço para o paciente, como lembrar-se de amigos e parentes. Nessa fase, a capacidade motora também fica mais comprometida.
A perspectiva de vida para os diagnósticos de Alzheimer é de 10 a 15 anos. Como os medicamentos são pouco eficazes para retardar a doença, Marco Polo frisa que a terapia multidisciplinar é uma alternativa que melhora a qualidade de vida.
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