Adesivo para Alzheimer chega no SUS com dois anos de atraso
Rivastigmina em forma de adesivo começou a ser distribuído neste mês de junho, mas incorporação ao SUS aconteceu em 2016
No Brasil,mais de 1 milhão de pessoas sofrem com o mal de Alzheimer, brasileiros que, a partir deste mês, têm mais uma opção para tratar os sintomas da doença pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Já está sendo distribuída em todo o país a substância rivastigmina em forma de adesivo transdérmico – adesivo para colar na pele.
A substância é considerada por especialistas um avanço no tratamento, o problema é que ela chega com dois anos de atraso.
A medicação foi incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 2016, mas só agora, em 2018, o Ministério da Saúde fechou o contrato de compra.
A rivastigmina não é uma droga nova. Ela chegou ao Brasil há 20 anos, em 1998. Há cerca de dez anos foi aprovada a comercialização na forma de adesivo e só agora passa a ser distribuído de forma gratuita pelo SUS.
A reportagem do R7 entrou em contato com o Ministério da Saúde para saber o motivo da demora, mas até o fechamento desta matéria não obteve esposta.
Apesar do longo tempo de espera, o psiquiatra Rodrigo Rizek Schultz, presidente da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAZ), considera a chegada da substância na rede pública um avanço.
“Há algumas vantagens em administrar adesivos no lugar de comprimidos. A primeira delas é o fato de alguns pacientes não gostarem de tomar comprimidos. São pessoas idosas, é uma geração que não aceita isso muito bem. Além disso, alguns pacientes tomam muitos remédios para muitos problemas como diabetes, colesterol, pressão. Com o adesivo, a pessoa responsável por controlar a medicação vai ter certeza que ela não foi esquecida”.
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De acordo com o psiquiatra, outro efeito positivo é a diminuição dos efeitos colaterais. Isso acontece porque a substância é liberada aos poucos, ao longo de 24 horas (no caso dos adesivos diários) e a absorção é feita pela pele, não pelo estômago, como acontece com os comprimidos.
“Qualquer remédio pode causar efeitos adversos. Quando você administra a substância via pele, a liberação é diferenciada e isso minimiza os efeitos. Sem contar que a medicação é liberada de forma contínua, não existem picos da substância no organismo e não existe o risco de o paciente atrasar o comprimido e ficar sem a medicação por algumas horas”, destaca Schultz.
O especialista também lembra o fato de que, mesmo que o paciente consiga tolerar os efeitos colaterais da medicação, esse é um tratamento que dura muitos anos e que “eliminar o desconforto é melhor”.
Mal de Alzheimer representa 70% dos casos de demência
No mundo, estima-se que 47 milhões de pessoas sofram de demência e, a cada ano, cerca de 10 milhões de novos casos são registrados. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a o mal de Alzheimer é responsável por 60% a 70% dos casos de demência.
No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, a doença impacta a vida de aproximadamente 1,2 milhão de pessoas. E a tendência é de que o cenário seja ainda mais desafiador nos próximos anos. Isso porque, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população idosa no país deve triplicar até 2050, o que deve fazer com que o número de casos de Alzheimer aumente na mesma proporção.
Segundo a OMS, apesar de ser uma doença que incide principalmente sobre pessoas idosas, o aparecimento de sintomas antes dos 65 anos de idade representa cerca de 9% dos casos.
A doença está associada ao aparecimento anormal de placas senis no cérebro, decorrentes do depósito de proteína beta-amiloide. Além disso, está relacionada a emaranhados neurofibrilares, frutos da hiperfosforilação da proteína tau.
No início, os sinais da doença podem ser sutis, mas são agravados com o tempo. Entre os principais sintomas estão a dificuldade de lembrar acontecimentos recentes, discurso vago durante as conversações, demora em atividades rotineiras, esquecimento de pessoas e lugares conhecidos, deterioração de competências sociais e imprevisibilidade emocional.
Tratamento impede avanço da doença
A doença de Alzheimer não possui cura. No entanto, se diagnosticada no início, o tratamento adequado ajuda a impedir o avanço e amenizar os sintomas. Além disso, atividades cognitivas, sociais e físicas beneficiam a manutenção de habilidades mentais e favorecem sua funcionalidade.
De acordo com a Constituição Federal, o sistema público de saúde deve fornecer o acesso gratuito ao tratamento completo para a doença.
Para isso, o paciente deve procurar seu médico para orientá-lo no processo de obtenção do medicamento. De acordo com o Protocolo Clínico de Diretriz de Tratamento do Ministério da Saúde, geriatras, neurologistas, psiquiatras ou qualquer médico especialista no tratamento de demências pode prescrever medicações para o tratamento de Alzheimer.
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