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Dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo

Empresa já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Por G1 12/02/2019 13h01
Dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo
Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera - Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular.

"A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil reais e foi paga pela empresa", diz nota.

A agência abriu procedimento administrativo para apurar o tipo de transporte que estava sendo feito.

"A aeronave de matrícula PT-HPG, acidentada hoje, em São Paulo, era operada e pertencia à empresa RQ Serviços Aéreos Especializados LTDA. A empresa possui autorização da ANAC para prestar Serviços Aéreos Especializados (SAE), que incluem aerofotografia, aeroreportagem, aerofilmagem, entre outros do mesmo ramo. A aeronave acidentada também estava certificada na categoria SAE. Qualquer outra atividade remunerada fora das mencionadas não poderia ser prestada. Tendo em vista essas informações, a ANAC abriu procedimento administrativo para apurar o tipo de transporte que estava sendo realizado no momento do acidente", diz texto.

Investigadores do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Aeronáutica, também abriram investigação sobre a queda.

Depois de apresentar jornal na Band News FM, na capital paulista, Boechat seguiu para um evento organizado para uma indústria farmacêutica, em um hotel em Campinas, no interior de São Paulo.

O helicóptero saiu de Campinas às 11h45, no interior do estado, onde Boechat participou nesta manhã de um evento, e seguia em direção à sede do Grupo Bandeirantes, no Morumbi, Zona Sul .

A queda ocorreu na rodovia Anhanguera, próximo ao Rodoanel: a aeronave bateu na parte dianteira de um caminhão que transitava pela via. Segundo testemunhas, o piloto tentava fazer um pouso de emergência.

"De acordo com o Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), a aeronave estava com o Certificado de Aeronavegabilidade válido, bem como a Inspeção Anual de Manutenção, ou seja, em situação regular", diz nota da Anac.

A RQ Serviços Aéreos foi contratada pela Zum Brasil, que por sua vez foi contratada pela farmacêutica Libbs pra organizar o evento em Campinas.

A Zum Brasil, agência especializada na realização de eventos corporativos, afirmou em nota "que sempre faz uma seleção criteriosa de todos os seus prestadores de serviço. Para o deslocamento do jornalista Ricardo Boechat para sua participação em convenção da Libbs Farmacêutica em Campinas, a Zum Brazil contratou a RQ Serviços Aéreos Especializados Ltda, que está em situação regular e possui todas as certificações exigidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

A Zum Brazil lamenta profundamente as mortes do jornalista e apresentador Ricardo Boechat e do piloto Ronaldo Quattrucci, que era dono da RQ, e está à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários", diz o texto.

Em nota, a Libbs fala sobre o convite ao jornalista.

"Todos nós da empresa estamos profundamente consternados com o falecimento do querido Ricardo Boechat, ícone e referência internacional do jornalismo. Ele foi convidado para participar de nossa convenção, em Campinas, neste dia 11, e, como é comum em suas aparições, abrilhantou e fortaleceu a relevância do nosso encontro. Durante 40 minutos ele esteve conosco em um bate-papo no qual imprimiu seu estilo, sempre autêntico e verdadeiro. Lamentamos igualmente o falecimento do piloto Ronaldo Quattrucci e estamos inteiramente solidários à dor das famílias. Todas as atividades do dia foram canceladas. Estamos aguardando informações oficiais sobre o ocorrido e seguimos à disposição para cooperar com mais informações", diz a nota.

Modelo do helicóptero
A aeronave era um Bell Helicopter fabricada em 1975. Com capacidade para cinco pessoas, sendo um piloto e quatro passageiros, esse modelo de helicóptero é considerado seguro. O proprietário do helicóptero é a empresa RQ Serviços Aéreos Especializados Ltda, do piloto, que morreu na queda.

Segundo o site da empresa proprietária, a aeronave tem um alcance de 500 km e velocidade de 170 km por hora. De acordo com o site da Anac, o peso máximo de decolagem é de 1.247 quilos.

Trajeto do helicóptero
Aeronave pousou na Band por volta das 9h30 e decolou com Boechat às 9h45

O pouso em Campinas, no heliponto do Hotel Royal Palm Plaza, seria por volta das 10h20/10h25

O helicóptero deixou o hotel por volta das 11h30/11h40. O pouso estava programado para as 12h30 no Grupo Bandeirantes, no Morumbi, Zona Sul de São Paulo.

No meio do trajeto, por volta das 12h15, o helicóptero caiu no km 7 da Rodovia Anhanguera, próximo ao Rodoanel, na chegada a São Paulo.

Perfil
Filho de diplomata, Ricardo Eugênio Boechat nasceu em 13 de julho de 1952, em Buenos Aires. O pai estava a serviço do Ministério das Relações Exteriores na Argentina. O corpo do jornalista vai ser velado no Museu da Imagem e do Som (MIS), no Jardim Europa, das 22h desta segunda às 14h desta terça.

Boechat era recordista de vitórias no Prêmio Comunique-se – e o único a ganhar em três categorias diferentes (Âncora de Rádio, Colunista de Notícia e Âncora de TV).

Em pesquisa do site Jornalistas & Cia em 2014, que listou cem profissionais do setor, Boechat foi eleito o jornalista mais admirado. Ele lançou em 1998 o livro “Copacabana Palace – Um hotel e sua história” (DBA).

O jornalista deixa a mulher, Veruska, e seis filhos.