"Isso de patrimônio da humanidade é uma bobagem", diz ministro sobre Amazônia
“A Amazônia é um patrimônio brasileiro. Essa história de que pertence à humanidade é uma bobagem”, diz.
Em meio a investigações sobre aumento de patrimônio e a um fogo cruzado sobre questões relativas à Amazônia no qual ele próprio não parece disposto ao cessar fogo, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, classificou como “uma bobagem” afirmar que a floresta amazônica se trata de patrimônio da humanidade.
Responsável pela emissão de 20% do oxigênio mundial, a Amazônia é chamada por ambientalistas do mundo todo de “pulmões do mundo”.
Salles deu entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo na qual defendeu ainda que o Brasil tem soberania sobre a Amazônia: "Somos nós que temos de escolher um modelo de gestão".
O ministro acabou sendo um dos alvos das críticas à política ambiental do atual governo especialmente após a divulgação de informações sobre o aumento do desmatamento na Amazônia.
Com 44 anos, Salles falou sobre a repercussão internacional dos dois fenômenos, as críticas à política do governo para a Amazônia e a proposta de conciliar desenvolvimento econômico com preservação ambiental.
A respeito da intensa repercussão nacional e internacional sobre o desmatamento da Amazônia e as críticas ao governo, Salles defendeu que haja uma “uma forma inteligente de tratar a questão, que reconheça a importância da conservação, do cuidado ambiental, mas dê dinamismo econômico em escala e em impacto suficientes para aquela população”, afirmou, referindo-se à população pobre da região. “Não adianta falar do potencial da floresta, se as famílias que vivem lá estão na miséria”, disse.
Repercussão vem de “desinformação”, diz ministro
O ministro declarou que “até certo ponto é natural” que, “neste momento de mudança de comportamento, de discussão de atividades econômicas na Amazônia haja essa instabilidade”.
“Uma parte dessa repercussão se deve, sem dúvida, à desinformação”, defendeu, para novamente, a exemplo do próprio presidente Jair Bolsonaro (PSL), atacar novamente ONGs e outras entidades ambientalistas. Ele afirma que esses grupos estariam “descontentes com o fim dos recursos fartos que elas recebiam, porque estamos fechando a torneira”.
Lembrado que não só ONGs que estão criticando o governo, como publicações estrangeiras como a revista The Economist – que publicou recentemente uma reportagem de capa sobre o desmatamento na Amazônia --, Salles minimizou: “Tem muita gente séria com entendimento incompleto ou enviesado sobre o que a gente está tentando fazer. A fórmula para lidar com esse problema é informação”, sublinhou, adiantando que estará no final de setembro com o presidente em Nova York e Washington, além de “alguns países da Europa”, a fim de “fazer esse esclarecimento”.
“Vamos mostrar o que o Brasil já faz e tudo que queremos fazer. Aqueles que tiverem disposição para ouvir e debater vão mudar, em alguma medida, de opinião. Agora, há outros canais fora do Brasil e aqui que não querem ver a realidade.”
Questionado sobre o fato de ambientalistas do Brasil e do exterior e também governos, especialmente na Europa, quererem transformar a Amazônia em “patrimônio da humanidade”, Salles foi taxativo.
“A Amazônia é um patrimônio brasileiro. Essa história de que pertence à humanidade é uma bobagem. Nós temos soberania sobre a Amazônia. Somos nós que temos de escolher um modelo, que tem de ser viável economicamente, de proteção da nossa floresta. Somos nós também que temos de implementá-lo. O cuidado com a Amazônia, que inspira atenção no mundo inteiro, é bem-vindo, mas a autonomia de fazer isso é da população brasileira”, concluiu.
O ministro ainda negou falhas na fiscalização dos desmates e das queimadas – hoje em seu maior nível, segundo a Nasa (agência especial americana), desde o ano de 2010, que se valeu inclusive de estatísticas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), para tal – e oo discurso em favor da regularização de atividades econômicas na Amazônia estimulem a exploração irregular da região.
“O governo não faz vista grossa. O problema é que a Amazônia é uma área correspondente a 48 países europeus. Da mesma forma que a gente vê os países europeus invadidos por imigrantes ilegais sem que eles consigam controlar isso, mesmo sendo muito mais ricos e tendo muito mais infraestrutura e um território muito menor que o nosso, aqui você não vai conseguir controlar uma região tão grande quanto a Amazônia só na base da fiscalização e de operações de comando e de controle.”
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