Políticos de direita comemoram derrota de documentário brasileiro no Oscar
Vencedor de Melhor Documentário foi longa produzido pela empresa de Barack e Michelle Obama
Na noite de domingo (9), o Brasil perdeu a chance de trazer para casa o seu primeiro Oscar: Democracia em Vertigem, da diretora Petra Costa, era um dos cinco concorrentes à categoria Melhor Documentário. No entanto, nem todos os brasileiros assistiram à derrota com tristeza – muitos celebraram a decisão da Academia de premiar Indústria Americana ao invés da produção nacional.
Democracia em Vertigem conta a história dos eventos políticos que culminaram no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) do ponto de vista da diretora, Petra Costa. O longa foi criticado por setores da direita: em postagem no Twitter, A Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República afirmou que “Petra Costa assumiu o papel de militante anti-Brasil e está difamando a imagem do País do exterior”. Na semana que antecedeu a premiação, a hashtag #PetraCostaLiar ficou entre os assuntos mais comentados na rede social.
Assim que o vencedor da categoria foi anunciado, figuras da política brasileira se apressaram em comemorar o resultado. A deputada Carla Zambelli (PSL-SP), fundadora do movimento Nas Ruas e defensora do impeachment de Dilma Rousseff, descreveu a derrota do documentário como uma “vitória para o Brasil”:
O Movimento Brasil Livre, que surgiu nas manifestações de 2013 e também organizou protestos pró-impeachment, fez piadas com a situação.
Já na manhã de segunda-feira (10), foi a vez dos deputados federais Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Alexandre Frota (PSDB-SP) se pronunciarem. O filho do presidente chamou o filme de “farsa em forma de documentário”, e Frota se limitou a postar uma imagem.
As redes sociais não viram só críticas ao longa. A deputada Erika Kokay (PT-DF) fez piada com o fato de os vencedores da categoria terem citado Karl Marx em seu discurso de agradecimento.
Arthur Weintraub, irmão do ministro da Educação e assessor especial do presidente Jair Bolsonaro, não viu graça: para ele, o discurso dos vencedores é sinal da “lavagem cerebral em escala industrial” em Hollywood.