Menções sobre coronavírus nas redes sociais do Brasil têm mais piada do que medo
No Twitter, maior parte dos usuários que comentaram a doença fizeram piadas; apenas 10% dizem temer o vírus

Segundo um usuário do Twitter, o novo coronavírus não tem chance no Brasil. "Se esse trem chega aqui no interior a gente mata ele no dente e come com arroz", escreveu no microblog. Cerca de 34% das interações nas redes com menções ao vírus são irônicas ou bem-humoradas, segundo um estudo da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Com o primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus no Brasil durante o Carnaval, os brasileiros não perderam a chance de fazer piadas. "Beijou mais de 30 no bloquinho e agora está com medo do coronavírus?", diz um usuário. Também serviram de material para memes a crise hídrica no Rio de Janeiro, o consumo de álcool no Carnaval, a greve de policiais no Ceará e até mesmo problemas do saneamento brasileiro.
A surpresa fica por conta do esvaziamento da polarização rotineira na internet. Perfis de influenciadores de esquerda usaram menos a doença como ativo político do que perfis conservadores e de direita, ainda assim, no Twitter, ambos os grupos atuaram pouco no debate sobre a doença covid-19, causada pelo coronavírus.
Os perfis de direita e conservadores, em especial, têm engajado pouco os seus seguidores, que não interagiram bem com as teorias da conspiração que sugerem que a imprensa estaria usando a cobertura sobre o coronavírus para coibir as manifestações programadas para o dia 15 de março. ?
As mensagens em grupos que organizam as manifestações mudaram de tom após o ministro-chefe do CSI (Gabinete de Segurança Institucional), o general Augusto Heleno, chamar o Congresso de "chantagista". Os manifestantes passaram a fazer alusão a ataques ao Congresso e defesa de militares e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que manifestou apoio aos protestos, gerando uma crise institucional e novas acusações de flerte com autoritarismo.
Outra descoberta do estudo, divulgado nesta sexta (28), foi a de que o perfil oficial do Ministério da Saúde, também no Twitter, foi o maior influenciador do debate. Desde o dia 15 de janeiro, mais de 3,3 milhões de tuítes sobre o coronavírus foram publicados por brasileiros. Com o primeiro caso confirmado no Brasil, mais de um milhão de menções ao vírus foram feitas em menos de 48h.
MEDO
Segundo o estudo, apenas 10% das menções de pessoas comuns nas redes aludem ao medo de contrair o vírus ou de o número de casos confirmados explodir no Brasil. Os usuários parecem ter seguido à risca a orientação de que não é necessário entrar em pânico.
"Em 10% das menções no Brasil há referência direta, por parte dos perfis, à possibilidade de rápido contágio pela doença, ao medo de se infectar ou à necessidade de que haja maior precaução, como o uso de máscaras e de procedimentos para evitar aglomerações urbanas e pessoas com sintomas gripais", diz o estudo.
No geral, boa parte dos que dizem temer o vírus o faz devido ao receio de que o Governo Federal não tenha capacidade para lidar com uma eventual explosão no número de casos confirmados.
Mais de 150 mil publicações citam o avanço da dengue e do sarampo no país, bem como a queda de investimentos em ciência e pesquisa, para dar corpo aos questionamentos.
A rede social de Mark Zuckerberg também movimentou os debates. Desde janeiro, foram mais de 31 milhões de interações em links sobre o coronavírus. Desde a última terça (25), quando o primeiro caso no Brasil foi confirmado, a média diária de interações saltou de 100 mil para 2,7 milhões.
Apesar do alto fluxo, os 50 principais links com os quais usuários interagiram desde o dia 24 de fevereiro não continham fake news ou teorias da conspiração. Entre os principais links, a maioria são de reportagens de veículos de imprensa tradicionais.
Veja também
Últimas notícias

Ministro do Turismo elogia a cidade de Maragogi em evento internacional

Durante discurso, Cabo Bebeto cobra melhores condições de trabalho para os policiais militares

Grupo Coringa informa que velório de Dona Helena terá início neste sábado (15) às 15h00 no Previda

Criança de um ano morre afogada em piscina em Marechal Deodoro

Prefeito Luciano Barbosa posta nota de pesar pela morte de Dona Helena, matriarca do Grupo Coringa

Unidade Trapiche do Hemoal Maceió funciona em horário reduzido neste sábado (15)
Vídeos e noticias mais lidas

Alvo da PF por desvio de recursos da merenda, ex-primeira dama concede entrevista como ‘especialista’ em educação

12 mil professores devem receber rateio do Fundeb nesta sexta-feira

Filho de vereador é suspeito de executar jovem durante festa na zona rural de Batalha

Marido e mulher são executados durante caminhada, em Limoeiro de Anadia
