Saúde

Secretários de Saúde dizem que Bolsonaro 'desfaz todo o esforço' para combater coronavírus

Carta aberta foi publicada, nesta terça (24), depois do pronunciamento em que o presidente da República criticou o isolamento e disse que não "pegaria uma gripezinha"

Por G1 25/03/2020 08h08
Secretários de Saúde dizem que Bolsonaro 'desfaz todo o esforço' para combater coronavírus
Secretário Alexandre Ayres diz que rede estadual de saúde está preparada para lidar com eficiência nos casos de coronavírus - Foto: Reprodução

O  pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), transmitido em cadeia de rádio e TV, na noite desta terça-feira (24), provocou a reação dos secretários de Saúde do Nordeste. Em carta aberta, os gestores disseram que assistiram “estarrecidos” ao discurso, no qual o presidente da República “desfaz todo o esforço e nega todas as recomendações para combate à pandemia do coronavírus”.

Na noite desta terça, o presidente contrariou o que especialistas e autoridades sanitárias do país e do mundo inteiro vêm pregando e criticou o pedido para que todas aqueles que possam fiquem em casa. Bolsonaro também culpou os meios de comunicação por espalharem, segundo ele, uma sensação de "pavor".

Ele também disse que, se contrair o vírus, não pegará mais do que uma "gripezinha". Durante o pronunciamento foram registrados panelaços em várias cidades como Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Este foi o oitavo dia consecutivo de manifestações contra o presidente. 

Assinado por secretários todos os estados da região, o texto ressalta que os gestores percebem, “com espanto”, os “graves desencontros entre o pronunciamento do presidente e as diretrizes cotidianas do Ministério da Saúde”. Na carta, os gestores afirmam: “Esta fala atrapalha não só o ministro, mas todos nós!”

Ainda de acordo com a carta, os secretários de saúde dizem que “não é nosso desejo politizar esse problema. Já temos dificuldades demais pra enfrentar. Não podemos cometer esse erro.”.

Os secretários dizem, ainda, que têm consciência de que será preciso enfrentar uma grave recessão econômica. “Mas o que nos cabe lidar diretamente é a grave crise sanitária”, declaram.

Além disso, os gestores afirmam que vão continuar trabalhando. “Não nos parece que a posição exposta pelo Presidente seja a do Ministério da Saúde, que tem se conduzido tecnicamente”, afirmam.