Bolsonaro se aproxima do número de pedidos de impeachment de Collor
Presidente Jair Bolsonaro fez pronunciamento em resposta a acusações do ex-ministro Sergio Moro
O presidente da República, Jair Bolsonaro, está próximo de igualar o número de pedidos de impeachment que recebeu 1 dos presidentes cassados desde a redemocratização, Fernando Collor. Bolsonaro, porém, segue distante do número alcançado pela outra presidente deposta do Planalto no período, Dilma Rousseff.
Os pedidos de impeachment são protocolados na Câmara dos Deputados. Quem decide se dá andamento ao processo ou não é o presidente da Casa. Quem ocupa o cargo hoje é Rodrigo Maia (DEM-RJ), que há semanas está em atrito com o governo federal. Maia, porém, demonstra estar pouco propenso a abrir o procedimento.
Enquanto Dilma foi alvo de 68 pedidos, Collor teve 29. Os números dos históricos foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. Sobre a legislatura atual, o Poder360 teve acesso a 1 levantamento da Secretaria Geral da Mesa da Câmara que inclui os pedidos até 22 de abril.
O infográfico acima tem apenas os números que a Câmara confirmou. Depois de 22 de abril, porém, novos pedidos de impeachment contra Bolsonaro foram anunciados. Não há como checar se eles já foram protocolados por meio dos mecanismos de transparência ativa –informações disponíveis para consulta imediata.
Nesta 6ª feira (24.abr.2020) acusações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro contra o presidente Jair Bolsonaro motivaram o anúncio de outros 3 pedidos. Dizem ter protocolado os documentos políticos da Rede, do PSB e até Joice Hasselmann (PSL-SP), ex-aliada de Jair Bolsonaro.
Com isso, o atual presidente chegaria a 28, apenas 1 a menos que Fernando Collor.
O número indica 1 ambiente político hostil. Ter muitos pedidos de impeachment, porém, não significa que o presidente terá o mandato cassado. Lula (37) e Temer (33) foram alvos de mais pedidos do que Collor, por exemplo. Nenhum dos 2 perdeu o mandato. O número de Temer conta 2 pedidos de quando ele ainda era presidente interino, no período entre a abertura do impeachment de Dilma Rousseff pela Câmara e a confirmação da deposição pelo Senado.
No pronunciamento em que anunciou sua demissão, Sergio Moro também detonou uma nova crise política. Ele afirmou que o presidente da República tenta fazer uso político da Polícia Federal. Também nega ter assinado a demissão do agora ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo. O documento da exoneração tinha o nome de Moro.
Há interpretações das falas de Moro que vão de crime de responsabilidade de Bolsonaro até a falsidade ideológica. A PGR (Procuradoria Geral da República) pediu a abertura de 1 inquérito sobre as acusações no STF (Supremo Tribunal Federal).
Bolsonaro negou as acusações e atacou seu ex-ministro. Diz que ele barganhou uma futura indicação ao STF em troca da queda de Valeixo. Moro rebateu a acusação do presidente.