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Coronavírus: doença pode se tornar endêmica, diz OMS

Entenda o que é o possível próximo estágio do novo coronavírus

Por Uol notícias 15/05/2020 15h03
Coronavírus: doença pode se tornar endêmica, diz OMS
Coronavírus - Foto: Reuters

Nesta semana, a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou que não é possível prever quando, e se, o novo coronavírus (Sars-CoV-2) vai desaparecer, afirmando ainda que ele pode se tornar endêmico —assim como outros vírus, como o HIV.

"É importante colocar isso sobre a mesa. Esse vírus pode se tornar mais um vírus endêmico em nossa comunidade E pode nunca desaparecer. O HIV nunca desapareceu. Encontramos as terapias e as pessoas não têm mais o mesmo medo", disse Mike Ryan, especialista em emergências da OMS durante entrevista. "Precisamos ser realistas", afirmou.

O especialista ainda lembra que a descoberta da vacina não significa um controle rápido da doença. "A ciência pode vir com uma vacina. Mas depois teremos de dar e as pessoas vão ter de aceitar tomar", afirmou. "Cada etapa desse processo tem desafios", disse. "Não há promessas, nem datas, pode ser um problema de longo prazo ou não", insistiu.

Mas o que significa "endêmico"? 

Quando estamos em uma pandemia, os casos de uma doença aumentam de forma aguda em várias localidades do planeta. A endemia, no entanto, não está relacionada a uma questão quantitativa. Uma doença endêmica é aquela que se manifesta com frequência em determinadas regiões, geralmente provocada por uma circunstâncias ou causas locais.

"A infecção endêmica está presente em uma área permanentemente, o tempo todo, durante anos e anos", afirmou Rosalind Eggo, especialista acadêmica em doenças infecciosas da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres à BBC.

Segundo ela, um exemplo disso é a varicela que, em muitos países, tem casos registrados anualmente. Ou a malária, que em partes da África e do Brasil é uma infecção considerada endêmica. Por aqui, ainda consideramos endêmicas doenças como a dengue e a febre amarela, que provocam surtos em determinadas regiões todos os anos.

Quais as diferenças?

Antes, é preciso entender como funcionam os vírus. Esses microrganismos compostos apenas de uma cápsula protetora (geralmente de gordura) e material genético têm uma única razão de ser: encontrar um hospedeiro e se multiplicar.

Existem milhares de vírus que usam os humanos como hospedeiros, como o influenza (da gripe), o HIV (da Aids), o varicela-zoster (da catapora), e por aí vai. A evolução dessas contaminações e o aumento dos casos pode ser classificado assim:

Surto: quando há um aumento inesperado no número de infecções em uma região específica (como, por exemplo, um bairro).

Epidemia: quando os surtos começam a acontecer em várias localidades ao mesmo tempo, o problema é considerado uma epidemia; o quadro geralmente consiste em um pico no número de casos e depois uma diminuição neles.

Pandemia: se o vírus passa a ser transmitido entre países, a doença é considerada uma pandemia. É o caso do novo coronavírus, que começou como um surto em Wuhan, na China, mas cresceu ao ponto de se tornar um problema global.