Geraldo Cardoso levou forró para escolas através de emenda parlamentar
Ações aconteceram em escolas públicas e fazem parte do projeto “Tradição Coletiva” que acontece desde o ano de 2018 em Alagoas
Quem nunca ouviu falar no ícone do forró alagoano Geraldo Cardoso? Ele, que além de cantor é compositor [inclusive tendo uma das suas composições sendo tema da novela América da Rede Globo] já serviu de inspiração para outros artistas, tem 30 anos de carreira é de Murici e esteve a frente de uma das metas do projeto “Tradição Coletiva” palestrando e desenvolvendo oficinas em escolas públicas da capital alagoana. Ao todo, 300 crianças foram beneficiadas diretamente pelo projeto.
O projeto, realizado por meio do Termo de Fomento 880485/2018, firmado entre o Coletivo Maracatodos e a Fundação Cultural Palmares, é um dos contemplados pela emenda 29730003, do deputado federal Paulão (PT) e que já ajudou a capacitar mais de 500 pessoas em Alagoas desde o início da sua execução, ainda em 2018. Em seis anos e meio de mandato, a cultura é um pilar do mandato de Paulão em emendas voltadas para a cultura alagoana. Ao todo, foram quase R$ 1 Mi distribuídos entre os quatros projetos.
Projeto auxilia cadeira produtiva em Alagoas
Segundo Regueira, a ideia dos projetos nasceu da necessidade enfrentada pelos artistas e pela cadeia produtiva da arte e cultura alagoana, que muitas vezes já realizam excelentes trabalhos, mas vivem [e sobrevivem] sem conseguir apoios sustentáveis e significativos do poder público e, principalmente, do empresariado local.
“Quando se fala em cultura, as pessoas esquecem que este é um caminho que consegue transformar a vida e a realidade das pessoas. Esses projetos, por exemplo, capacitaram centenas de pessoas que agora podem ter uma atividade paralela, ao mesmo tempo em que trouxeram estímulo e valorização para mestres, brincantes da cultura popular e para instituições culturais sérias. É recompensador”, explica Sandro Regueira, diretor técnico dos projetos.
O forró como pilar musical e auxílio na educação
Regueira destaca que “diversos estudos confirmam que melhora a qualidade da educação e convivência quando tem a cultura inserida dentro da escola”. Ele lembra, ainda, que o projeto tem desmembramentos sendo distribuído entre: meta de oficina sobre a tradição do forró; um sobre os ritmos afro e que, além destes, existe uma meta sobre o samba que será comandada por Igbonan Rocha e uma sobre rastafári, reggae e a influência etíope na formação brasileira, que acontecerá em União dos Palmares.
“Para comandar esta etapa sobre o forró, não haveria nome melhor que o do Geraldo, que é um ícone da música alagoana. Ele tem todo o know how para comandar da melhor forma toda a questão musical das oficinas que, aliás, contaram com a participação de um trio de forró junto”, explicou Regueira.
Escolas viram palco de cultura popular
O projeto aconteceu em escolas públicas porque, segundo o diretor, a ideia do projeto é realmente disseminar a tradição coletiva. “Queremos trazer a tona a tradição dos ritmos afro para a sociedade, como o forró que tem sua raiz negra invisibilizada, e até mesmo o reggae e que tem influência africana, além do samba. Muita gente não sabe, mas todos são ritmos ligados diretamente com a questão negra”, afirmou Regueira.
A Lei que beneficiou a cultura
Ela foi criada em 23 de dezembro de 1991 com a finalidade de captar e canalizar recursos para contribuir e facilitar, a todos, os meios para o livre acesso às fontes da cultura e o pleno exercício dos direitos culturais, promover e estimular a regionalização da produção cultural e artística brasileira, com valorização de recursos humanos e conteúdos locais e apoiar, valorizar e difundir o conjunto das manifestações culturais e seus respectivos criadores.
Entre suas atribuições também está a função de proteger as expressões culturais dos grupos formadores da sociedade brasileira e responsáveis pelo pluralismo da cultura nacional; salvaguardar a sobrevivência e o florescimento dos modos de criar, fazer e viver da sociedade brasileira; preservar os bens materiais e imateriais do patrimônio cultural e histórico brasileiro e desenvolver a consciência internacional e o respeito aos valores culturais de outros povos ou nações.
Todas essas atribuições fazem parte da Lei 8.313 que institui o Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). Ela também tem a função de estimular a produção e difusão de bens culturais de valor universal, formadores e informadores de conhecimento, cultura e memória e- priorizar o produto cultural originário do País.
Alagoas contemplada rapidamente
O benefício que chegou à Alagoas de forma rápida, só é possível graças ao Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC), Lei 13.019/2016, sancionada pela ex-presidente Dilma Rousseff. Ela institui normas gerais para as parcerias entre a administração pública e organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco, mediante a execução de atividades ou de projetos previamente estabelecidos em planos de trabalho inseridos em termos de colaboração, em termos de fomento ou em acordos de cooperação.
"A parceria com a Fundação Palmares, sobretudo por meio do suporte dado pelos seus colaboradores, está sendo fundamental para que, neste projeto, a cultura seja trabalhada de forma democratizada, valorizando a memória, e reconhecendo a importância inconteste do povo negro na nossa formação", finaliza Regueira.