Política

Empresários ligados ao MBL são presos por sonegação fiscal

Eles são acusados de criarem diversas empresas de fachada para movimentar recursos e terem movimentação financeira incompatível com a renda

Por Terra 10/07/2020 17h05
Empresários ligados ao MBL são presos por sonegação fiscal
Operação Juno Moneta realiza buscas em seis endereços, cinco em São Paulo e um em Bragança Paulista - Foto: Receita Federal

Dois empresários ligados ao Movimento Brasil Livre (MBL) foram presos nesta sexta-feira por suspeita de sonegação fiscal de mais de 400 milhões de reais, em uma operação do Ministério Público e da Polícia Civil de São Paulo.

Alessander Monaco Ferreira e Carlos Augusto de Moraes Afonso, conhecido nas redes sociais como Luciano Ayan, são acusados de criarem diversas empresas de fachada para movimentar recursos e terem movimentação financeira incompatível com sua renda declarada.

De acordo com nota divulgada pelo MPSP, "as evidências já obtidas indicam que estes envolvidos, entre outros, construíram efetiva blindagem patrimonial composta por um número significativo de pessoas jurídicas, tornando o fluxo de recursos extremamente difícil de ser rastreado, inclusive utilizando-se de criptoativos e interpostas pessoas."

O MP afirma que há uma "confusão jurídica" entre as empresas MBL e a Movimento Renovação Liberal, recebimento de doações de formas suspeitas, com cifras ocultas, através da plataforma Google Pagamentos.

"A família Ferreira dos Santos, criadora do MBL, adquiriu/criou duas dezenas de empresas - que hoje se encontram todas inoperantes e, somente em relação ao Fisco Federal, devem tributos, já inscritos em dívida ativa da União, cujos montantes atingem cerca de 400 milhões de reais", diz o MP.

Ferreira, além de registrar movimentação financeira incompatível, teria criado duas empresas de fachada e faria doações "altamente suspeitas através da Plataforma Google."

Ayan é acusado de criar 4 empresas de fachada, fazer uso de "contas de passagem", usadas como intermediárias para disfarçar a ligação entre a origem e o destinatário final do dinheiro. Além disso, diz o MP, Ayan ameaçava quem questionasse as finanças do MBL e dissemina notícias falsas.

Ayan é dono do site Ceticismo Político, que costumava ser um dos preferidos da família do presidente Jair Bolsonaro, especialmente do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), até o MBL e Ayan romperem com o governo.

Em nota publicada nas redes sociais, o MBL afirmou que Ayan e Ferreira não são membros ao movimento e que as "assertivas apontadas quanto ao MBL são completamente distantes da realidade".

"Chega a ser risível o apontamento de ocultação por doações na Plataforma Google Pagamentos, haja vista que todas as doações recebidas na plataforma são públicas, oriundas do Youtube e vulgarmente conhecidas por 'superchats', significando quantias irrisórias, feitas por uma vasta gama de indivíduos de forma espontânea", diz a nota.

O grupo alega ainda que não existe confusão jurídica entre MBL e MRL, sendo a segunda a personalidade jurídica e MBL a marca sob gestão da MRL.

Nota do MBL

O movimento afirmou à reportagem que nenhum dos presos na operação do MP-SP são do MBL e divulgou a seguinte nota:

“Em que pese as alegações amplamente difundidas pela imprensa e até mesmo pelo Ministério Público quanto a ligação dos senhores Alessander Monaco Ferreira e Carlos Augusto de Moraes Afonso, vulgo Luciano Ayan com o MBL, inicialmente cumpre esclarecer que ambos jamais fizeram parte do Movimento.

Importa destacar que não existe confusão empresarial entre Movimento Brasil Livre e Movimento Renovação Liberal, haja vista que o MBL não é uma empresa, mas sim uma marca, sob gestão e responsabilidade do Movimento Renovação Liberal – única pessoa jurídica do Movimento – o que é fato público e notório, inclusive posto publicamente em inúmeros litígios onde a entidade figura como autora e até mesmo Requerida.

Chega a ser risível o apontamento de ocultação por doações na plataforma Google Pagamentos, haja vista que todas as doações recebidas na plataforma são públicas, oriundas do Youtube e vulgarmente conhecidas como “superchats”, significando quantias irrisórias, feitas por uma vasta gama de indivíduos de forma espontânea. Sob o aspecto lógico, seria impossível realizar qualquer espécie de ocultação e simulação fiscal por uma plataforma pública e com quantias pífias.

Por fim, cumpre esclarecer que as atividades empresarias e familiares dos fundadores do MBL são anteriores ao próprio Movimento e não possuem qualquer vinculação, haja vista que não possuem qualquer conexão ou convergência de finalidade.

Com o respeito e acato ao órgão ministerial, importa esclarecer que as assertivas apontadas quanto ao MBL são completamente distantes da realidade, tratando-se de um devaneio tolo, totalmente despido de sustentação fática e legal com a única finalidade de macular a honra de um movimento pautado nos pilares da ética, da moral e da liberdade”

A reportagem busca contato com Alessander Monaco Ferreira e Carlos Augusto de Moraes Afonso.