Bolsonaro dá entrada em hospital para retirada de pedra na bexiga
Presidente disse que tem o cálculo há cinco anos; esta será a quinta cirurgia desde a facada

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deu entrada, na manhã desta sexta-feira (25/9), no hospital Albert Einstein, em São Paulo, para realizar o procedimento de retirada de pedra na bexiga. A cirurgia será feita pelo urologista Leonardo Borges e está prevista para começar às 10h30.
Bolsonaro será acompanhado por uma equipe multidisciplinar, incluindo um cardiologista, e o tempo de internação até que ele receba alta será definido ao término da operação.
Segundo o presidente, ele convive com o cálculo na bexiga há cerca de cinco anos, e a pedra já atingiu o tamanho de um grão de feijão. A estimativa, entretanto, é que seja um pouco maior, entre 2,5 e 3 cm.
“Esse cálculo aqui é de estimação. Já tenho há mais de cinco anos. Tá na bexiga, maior do que um grão de feijão, e resolvi tirá-lo porque deve tá aí ferindo internamente a bexiga”, disse.
Histórico das cirurgias
Esta será a quinta cirurgia de Bolsonaro. As quatro anteriores foram em decorrência ao atentado a faca sofrido em setembro de 2018, durante a campanha eleitoral, em Juiz de Fora (MG).
O Metrópoles preparou uma arte, onde é possível ter uma noção do problema que afeta o presidente. A reportagem também conversou com um especialista para entender o procedimento ao qual Bolsonaro será submetido.
O que são cálculos e como surgem
Cálculos são acúmulos de substâncias, como minerais e sais ácidos, que formam uma massa sólida, podendo surgir nos rins ou na bexiga e aumentar de tamanho.
Segundo o médico Fabio Vicentini, chefe do Centro de Cálculo Renal do Hospital 9 de Julho, em São Paulo, o cálculo surge em decorrência de pequenos acúmulos de cristais.
Eles podem se formar tanto nos rins quanto na bexiga, ou surgirem nos rins e descerem até a bexiga. Esse último tipo, no entanto, é menos comum.
Quando se trata de uma pedra na bexiga, a causa, normalmente, é resto de urina acumulada no local.
“O cálculo renal se forma porque a pessoa tem muito cálcio e muito oxalato na urina, e bebe pouca água, por exemplo. Já o cálculo de bexiga ele se forma, normalmente, porque a pessoa está tendo algum problema pra esvaziar a bexiga”, explica.
Há ainda casos de cálculos que surgem quando o homem tem problemas de próstata.
“Se você tem uma obstrução, como algum problema na próstata, por exemplo, e a próstata está aumentado — um crescimento benigno — você vai ter dificuldade em urinar, então a uretra começa a fechar e sobra urina na bexiga”, acrescenta o médico.
Quais os sintomas
No caso de um cálculo na bexiga, como o do presidente, o paciente pode sentir dores, desenvolver infecções, sangramentos e até mesmo não conseguir mais urinar, caso o cálculo saia da bexiga e vá para a uretra.
“[Esse último caso é] uma urgência. A urina não sai e a bexiga fica muito cheia, então você tem que tratar isso, porque senão fica correndo esses riscos”, afirma Vicentini.
O médico comenta ainda o fato de o presidente Bolsonaro ter o cálculo há cinco anos e a massa não ter sido retirada.
“Quanto mais tempo passa, mais risco tem. Se tem o diagnóstico dessa pedra, o recomendado é tratar e investigar a causa, além de fazer uma prevenção para não surgirem outros cálculos, já que eles tendem a voltar”, explica.
Como é o procedimento
Existem vários métodos para a retirada de um cálculo, e tudo depende do tamanho da pedra. De acordo com o médico, o procedimento a ser feito por Bolsonaro será simples.
Apesar de o presidente e o Planalto não terem informado qual método será usado para retirar a pedra, Fabio Vicentini avalia que o chefe do Executivo deve ser submetido à retirada pela uretra, usando um laser.
“Normalmente, é um tratamento endoscópico. Você entra com uma aparelho pela uretra, localiza a pedra, a quebra com um laser e retira os pedacinhos. É um procedimento que a gente considera bem simples e pequeno. Bem eficiente”, explica.
O método endoscópico também é usado caso exista um aumento da próstata. O procedimento se resume a tirar apenas a parte da próstata que está obstruindo a saída de urina da bexiga.
Há também o método chamado litotripsia extracorpórea.
“É uma máquina que gera ondas de choque. [O aparelho] focaliza nessa pedra na bexiga e quebra essa pedra para a pessoa eliminar a pedra espontaneamente. Também é um tratamento que não invade o paciente. Fica só por fora mesmo”, acrescenta.
Em casos nos quais o cálculo é muito grande, a equipe médica pode ter de optar por uma cirurgia aberta.
“Ou você faz um tratamento que se chama percutâneo, no qual você faz um furo de um centímetro na barriga e entra com uma câmera dentro da bexiga, quebra a pedra e tira. Se for muito grande, é necessário uma cirurgia aberta. Um corte grande, de 5 a 10 centímetros, para poder retirar”, afirma Vicentini.
Recuperação
O tempo de recuperação do paciente também depende do procedimento escolhido. Se o método feito pela equipe médica mexer apenas na pedra, o paciente pode ir embora no mesmo dia ou no dia seguinte.
“É uma recuperação rápida. Não tem nenhum corte, então em poucos dias ele [o paciente] está recuperado para as atividades normais”, explica Fabio Vicentini.
Segundo o médico, caso o procedimento envolva a próstata, contudo, o paciente deve permanecer internado por dois dias, evitando fazer esforços por 15 dias até se recuperar totalmente.
Histórico de cirurgias
A primeira cirurgia de Bolsonaro foi realizada no mesmo dia em que sofreu o atentado, em 6 de setembro de 2018. Na ocasião, o intestino do presidente foi ligado a uma bolsa de colostomia.
A segunda, em 12 de setembro do mesmo ano, considerada de emergência, foi para reparar uma obstrução no intestino.
O terceiro procedimento cirúrgico ocorreu em 28 de janeiro de 2019, a primeira já como presidente da República, e serviu para retirar a bolsa de colostomia.
Inicialmente, a cirurgia estava prevista para durar três horas, mas, devido a uma grande quantidade de aderências, ou seja, partes do intestino que ficaram coladas, a equipe médica teve de fazer um procedimento mais complexo — o que fez com que o tempo total da cirurgia fosse de sete horas.
A última e mais recente cirurgia foi realizada em 8 de setembro do ano passado. Na ocasião, os médicos corrigiram uma hérnia que surgiu no local do abdômen do presidente. A hérnia ocorreu em razão das últimas três cirurgias. O método durou cinco horas e foi bem-sucedido.
Veja também
Últimas notícias

Sesau discute fluxo de acesso a medicamento que evita infecções em recém-nascidos

Mulher é vítima de ameaças por parte do ex-companheiro em Olho d’Água do Casado

Entregadores por aplicativo protestam na Avenida Fernandes Lima, em Maceió

Paraguai investiga ataque hacker do Brasil, que culpa gestão Bolsonaro

Protagonismo das vereadoras na Câmara de Maceió fortalece a defesa pelos direitos das mulheres

Compras em sites internacionais ficam mais caras, a partir desta terça (1º), em AL
Vídeos e noticias mais lidas

Alvo da PF por desvio de recursos da merenda, ex-primeira dama concede entrevista como ‘especialista’ em educação

12 mil professores devem receber rateio do Fundeb nesta sexta-feira

Filho de vereador é suspeito de executar jovem durante festa na zona rural de Batalha

Marido e mulher são executados durante caminhada, em Limoeiro de Anadia
