Em um ano, Hospital da Mulher contabiliza mais de 15 mil atendimentos e 3.095 partos
Considerada um marco na reestruturação da saúde pública de Alagoas, unidade realizou 106.037 exames, 3.909 consultas e 1.240 cirurgias
Um sonho que saiu do papel e tornou-se realidade graças ao Governo de Alagoas. Implantado com a proposta de ampliar a oferta do Sistema Único de Saúde (SUS) em Alagoas, o Hospital da Mulher Dr.ª Nise da Silveira, localizado no bairro Poço, em Maceió, completa nesta terça-feira (29) um ano de funcionamento, com o registro de 15.018 atendimentos. O equipamento construído e entregue pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) é considerado um marco para a história do Estado, visto que foi o primeiro hospital público inaugurado na capital após quatro décadas.
Com equipamentos de última geração, assim como profissionais treinados e habilitados, a maternidade do Hospital da Mulher virou referência para as gestantes de baixo risco. No período de um ano, passaram pela Classificação de Risco 9.880 mulheres, onde foram realizados 3.095 partos, sendo 1.531 normais e 1.564 cesáreos, o que corresponde a 49,5% e 50,5%, respectivamente.
O secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, faz um destaque para a união de esforços dos profissionais que atuam no Hospital da Mulher para conseguir resultados tão expressivos, demonstrando na prática o quanto o serviço de saúde está próximo da população. “O Hospital da Mulher chega a um ano com excelentes resultados na atenção à saúde. Incentivamos os partos naturais, investimos na capacitação dos profissionais, contamos com serviços ambulatoriais e de proteção às crianças, além de realizar procedimentos cirúrgicos. Ou seja, é uma demonstração de que quando a população necessitou de um serviço de saúde, lá estava o Hospital da Mulher”, disse o secretário.
Humanização
Um dos diferenciais é que o hospital foi a primeira unidade hospitalar do Brasil a contratar doulas para integrar a equipe de assistência ao parto humanizado pelo SUS. O atendimento humanizado é uma prioridade da unidade que, conta, especialmente, com seis leitos PPP (pré-parto, parto e pós-parto) em ambientes confortáveis para deambulação, chuveiro morno, banheira, trabalho com bola suíça, musicoterapia, aromaterapia e penumbra.
Para a diretora-geral do Hospital da Mulher, Eliza Barbosa, o diferencial da maternidade é a assistência em relação à proposta de parto humanizado. “Nesse período, oferecemos um atendimento individualizado através dos leitos de PPP, que garantiu o direito da mulher a um acompanhante no trabalho de parto, durante o parto e, inclusive, no pós-parto, dando à família uma assistência mais direcionada. Isso não seria possível sem o apoio e a dedicação da equipe multidisciplinar, que tem auxiliado o parto para acontecer naturalmente, sem muitas intervenções e, obviamente, de maneira saudável, sempre respeitando a vontade da mulher”, avaliou.
As etapas de preparação quando a parturiente chega até o Hospital da Mulher envolvem uma triagem inicial para avaliar seu pré-natal, informar sobre os benefícios do parto normal, os métodos não farmacológicos, a fim de garantir conforto emocional e físico para estabelecer uma confiança mútua, com afeto e respeito às individualidades e necessidades da mãe.
E dentre tantas histórias, como não se lembrar da pequena Thayla Caroline da Silva Chagas, que foi o bebê de número mil a vir ao mundo na maternidade do Hospital da Mulher, cinco meses após a inauguração. Ao ter o primeiro contato com a filha, os pais de Thayla – Tatiane Maria da Silva, de 25 anos, e José Cícero das Chagas, de 42 –, não conseguiram conter a emoção.
“Foi um momento muito especial na minha vida. Quero agradecer a toda a equipe que acompanhou a gente, desde que colocamos os pés ali”, disse ela. Já para José Cícero, o que mais chamou sua atenção no hospital foi a equipe tê-lo chamado para acompanhar o nascimento da filha.
Por meio de uma requisição administrativa feita pelo Governo de Alagoas, em decorrência da pandemia da Covid-19, as gestantes e os pacientes do Ambulatório LGBT – que já estavam em tratamento com endrocrinologista para dar início ao recurso terapêutico da hormonioterapia – passaram a ser atendidos na Casa de Saúde e Maternidade Nossa Senhora de Fátima.
Acompanhamento e prevenção – Os ambulatórios de especialidades foram construídos para facilitar o acesso das mulheres ao atendimento e acompanhamento clínico e preventivo, com alto padrão de qualidade, nas áreas de ginecologia, mastologia, proctologia, cardiopediatria, puerpério, pediatria, psicologia, reumatologia, otorrinolaringologia e endocrinologia.
Já o Ambulatório de Acolhimento e Cuidado Integral de Pessoas Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) do Hospital da Mulher, inaugurado em 26 de novembro de 2019, foi o primeiro serviço em Alagoas 100% SUS com foco no cuidado e no acolhimento dessas pessoas, oferecendo consultas nas especialidades de assistência social, ginecologia, urologia, proctologia, mastologia, psiquiatria, infectologia e endocrinologia, além de exames clínicos e tratamento adequado, de acordo com as particularidades de cada usuário. Ao todo, foram atendidos 3.444 pacientes nos ambulatórios de especialidades e no Ambulatório LGBT.
“Procurei o hospital justamente porque vi na internet que o atendimento é adequado, rápido e respeitoso com a gente. Sempre quis tomar hormônio por conta própria, mas o medo do meu organismo não estar preparado para receber fez com que eu buscasse ajuda profissional. Resolvi fazer tudo de maneira correta aqui no ambulatório”, contou a mulher trans Aurora dos Santos, de 16 anos, que procurou o Ambulatório LGBT do Hospital da Mulher para iniciar o tratamento da hormonioterapia.
Além disso, o hospital ainda ofertou 106.037 procedimentos entre exames laboratoriais, Raios X, mamografias, ultrassonografias e tomografias.
Área Lilás
Desde que foi inaugurada, a Área Lilás do Hospital da Mulher, da Rede de Atenção às Vítimas de Violência Sexual (RAVVS), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), tem proporcionado um atendimento integrado da saúde juntamente à segurança pública, cujo objetivo é assistir à vítima de violência sexual de forma acolhedora, rápida e eficaz. O espaço conta com uma equipe multiprofissional capacitada para realizar o atendimento humanizado, por meio de psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, ginecologistas, pediatras, médicos peritos e policiais civis, promovendo a assistência integral em um único espaço.
O atendimento foi preparado com todo o cuidado, contando com recepção própria, local de acolhimento da família, consultórios, leitos de observação, espaço do chá, árvore da esperança e fraldário. No local, são ofertados serviços de atenção às vítimas de violência sexual, tais como profilaxia das infecções sexualmente transmissíveis (IST) e HIV, anticoncepção de emergência, exames laboratoriais, coleta de vestígio, aborto previsto em lei, boletim de ocorrência, assessoria jurídica, grupos de apoio e acompanhamento médico e psicossocial por até seis meses após a violência.
Em um ano, a Área Lilás da unidade hospitalar acolheu 465 vítimas de violência sexual, cujo público-alvo foi o infantojuvenil, onde os profissionais conseguiram fazer todos os procedimentos necessários ao atendimento dos pacientes em apenas três horas.
Entre as vítimas, 423 foram do sexo feminino e 42 do masculino. Destas, 200 foram vítimas que têm de 0 a 11 anos; 169 de 12 a 17 anos; 58 têm de 18 a 29 anos; 33 de 30 a 59 anos; e cinco foram adultos que estão acima dos 60 anos.
Mutirão de Cirurgias
Com o Programa Mutirão de Cirurgias, o Hospital da Mulher realizou procedimentos em mulheres que se submeteram às cirurgias de hérnias, histerectomia (retirado do útero que pode ou não incluir a remoção das trompas e ovários) e colecistectomia (retirada da vesícula biliar), após triagens realizadas no Benedito Bentes, Vergel do Lago, Clima Bom e Arapiraca.
Em relação às cirurgias eletivas das mulheres consultadas nos ambulatórios da unidade hospitalar, o Hospital da Mulher também realizou procedimentos para a remoção do útero, de nódulos mamários, cistos ovarianos, hemorroidas internas e esterilização. Somando o Programa Mutirão e as cirurgias eletivas das mulheres consultadas nos ambulatórios de especialidades, o hospital atendeu 1.240 pacientes.
O Hospital da Mulher também buscou capacitar seus profissionais, de modo a contribuir com desenvolvimento profissional e aperfeiçoar a assistência à população. Além disso, durante um ano, a unidade hospitalar fechou parcerias com secretarias estaduais e outras instituições.