No combate à Covid-19, Hospital da Mulher assistiu 1.337 pacientes
Em março deste ano, Sesau mudou o perfil assistencial da unidade hospitalar para atender pessoas com suspeita ou confirmação do novo coronavírus
O enfrentamento à Covid-19 exigiu investimentos em adequações nas unidades hospitalares públicas e privadas, aquisição de novos equipamentos, contratação de profissionais de saúde e abertura de novos leitos, que certamente ficarão como legado. Em 30 de março deste ano, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), através do Hospital da Mulher Dr.ª Nise da Silveira, localizado no bairro Poço, em Maceió, mudou o seu perfil assistencial para receber, exclusivamente, pacientes com suspeita e testados positivos para o novo coronavírus, sendo a primeira unidade pública a ser habilitada como hospital de referência no tratamento para a Covid-19.Com a mudança do perfil do hospital, foram disponibilizados 110 leitos para os pacientes com suspeita ou confirmação da Covid-19, sendo 55 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) – 50 adultos e cinco pediátricos -, e 55 de Unidade de Cuidados Intermediários (UCI), - 50 adultos e cinco pediátricos. À frente da Sesau em um momento tão crítico para saúde pública, o secretário Alexandre Ayres considera que o Governo de Alagoas acertou quando disponibilizou uma nova estrutura hospitalar, com aparelhos modernos e profissionais qualificados para enfrentar a pandemia do novo coronavírus.“Tudo o que é debatido na Secretaria de Estado da Saúde conta com o viés científico. A pandemia nos obrigou a lidar com um vírus letal e precisávamos salvar vidas e proteger a população. A mudança do perfil do Hospital da Mulher foi uma decisão acertada. Basta olhar os números de pacientes assistidos, recuperados, altas hospitalares que temos a certeza de que conseguimos trazer a referência do Hospital Mulher no período antes da pandemia para contribuir, decisivamente, para salvar vidas”, explica o secretário Alexandre Ayres.Em quase seis meses à frente do hospital junto com o diretor-geral, João Medeiros, a infectologista e gerente médica do HM, Sarah Dominique, avalia o trabalho que vem sendo desenvolvido pela equipe multiprofissional, que já conseguiu assistir 1.337 usuários ao longo desse período, com 828 pacientes recuperados da doença. “Foi decisiva a escolha desse hospital como o primeiro serviço estadual a ofertar atendimento à população alagoana no início da pandemia do novo coronavírus. Tínhamos um quantitativo de leitos que conseguiu suprir a demanda de internações pela Covid-19 até o tempo que o governador Renan Filho e o secretário Alexandre Ayres entregassem à sociedade os hospitais de Campanha, o Metropolitano e o Hospital Regional do Norte. Vale ressaltar que o HGE [Hospital Geral do Estado] e o HEA [Hospital de Emergência do Agreste] também prestaram esses atendimentos e acolheram os pacientes com suspeita ou confirmação da Covid-19”, disse.Entre as maiores conquistas nesse período, ela destacou que montar a equipe médica e capacitar os demais profissionais de saúde, em caráter de urgência, mediante a admissão de pacientes que estavam chegando ao hospital, foi um dos grandes desafios quando a pandemia se instaurou em Alagoas. “Em tempo real, conseguimos montar e capacitar todos os profissionais. Hoje, meses depois, temos uma equipe multiprofissional assertiva e atuante”, frisou.Ao ser questionada sobre algum acontecimento que a deixou comovida ao longo desses seis meses, ela foi enfática ao agradecer a colaboração dos colegas médicos, sobretudo os que assumiram a escala desde o final de março e que ainda estão trabalhando no hospital. “Sou grata ao trabalho desses profissionais que não desistiram de salvar inúmeras vidas. As altas hospitalares dos pacientes extremamente graves que conseguiram sobreviver à Covid-19 também me marcaram muito. Com fé e esperança, as famílias dos pacientes são, até hoje, agradecidas pelo esforço da equipe que compõe o hospital, do vigilante ao médico. Essas demonstrações de carinho e respeito fortalecem ainda mais o nosso trabalho”, destacou.Curados - Maria Betânia dos Santos Silva, José Laurentino, Guido Beltrão Fragoso, Benedita da Conceição da Silva, Wagnner Enzo, Maria das Graças Tenório, José Fernandes do Nascimento, Lislayne Sannyele Lima, Marco Antônio Amaral Wanderley, Djanira Ferreira de Araújo, Genedi Maria da Silva, Francisco Lourenço, Daniel Sabino de Santana e Cícero Elias dos Santos, são quatorze das centenas de pacientes curados do novo coronavírus que passaram pelo Hospital da Mulher.Entre os 828 pacientes que já receberam alta hospitalar, está Theodoro Batista, de 60 anos. Internado no dia 5 de maio, ele ficou seis dias num dos leitos da semi-intensiva. Recuperado da doença, ele acredita que tenha contraído o novo coronavírus durante atendimento em seu trabalho, por volta da segunda quinzena de abril. “Foi uma equipe maravilhosa. Não tenho do que reclamar. Fiquei seis dias internado e, graças a Deus, Ele usou as mãos daqueles profissionais pra me curar”, agradeceu, em tom emocionado.A técnica de enfermagem da Central de Esterilização da Maternidade Escola Santa Mônica (MESM), Iris Vitorino dos Santos, de 65 anos, também venceu a batalha contra a Covid-19. Ela ficou 59 dias internada, sendo 53 deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ao sair do leito da semi-intensiva, bastante emocionada, Iris Vitorino recebeu os aplausos e o carinho dos profissionais que, dia após dia, acompanharam de perto toda a sua evolução enquanto estava internada.“Só quero agradecer a todos que me ajudaram ao longo desses 59 dias em que estive aqui. O que eu tiro de lição, após passar pela Covid-19, é que estamos aqui nesse mundo apenas de passagem. Vivemos numa sociedade egoísta, onde a maioria das pessoas só pensa no próprio umbigo. A dor transforma a gente. E ela me modificou”, refletiu ela, com os olhos marejados.No início de maio, a enfermeira Bruna Freire, de 31 anos, passou a atender as pessoas diagnosticadas com a Covid-19 no Hospital da Mulher. A rotina frenética está sendo atravessada por cenas e relatos que a fazem refletir sobre a vida. “É uma oportunidade de os profissionais colocarem em prática não apenas o que aprenderam durante o tempo da faculdade, mas, sobretudo, no dia a dia que a nossa profissão exige, seja nas UPAS [Unidades de Pronto Atendimento], seja em hospitais públicos ou privados. Tem sido gratificante ter a oportunidade de salvar inúmeras vidas e participar desse momento que a Covid-19 trouxe para todos nós. As altas hospitalares e os agradecimentos de cada paciente e familiar acalentam meu coração e me dão uma força descomunal para continuar nessa luta”, afirmou.A supervisora Assistencial do hospital, Marta Antônia, lembra que a corrida para a inauguração dos leitos de UTI e da semi-intensiva, dedicados aos pacientes com suspeita ou confirmação da Covid-19, precisou ser muito rápida. “Reorganizamos o hospital em pouco tempo. E conseguimos. Essa energia e efetividade que a equipe vem fazendo no HM comprova a importância que essa unidade hospitalar tem para a sociedade. É um hospital que tem promovido assistência à saúde para a população de uma forma bastante impactante. Trabalhamos com as melhores práticas de saúde no Brasil. Além de atuarmos com protocolos e processo de trabalho bem arramados, também realizamos diversas capacitações e treinamentos diários com os profissionais. É uma forma de mostrar que o serviço público é excelente e que tem condições absolutas de funcionar bem, como está acontecendo hoje”, salientou.O gerente administrativo do Hospital da Mulher, Marcelo Casado, acrescentou que o hospital era uma demanda que faltava aos alagoanos, sobretudo às mulheres e ao público LGBT. “A população só teve a ganhar com a chegada do hospital. É uma satisfação fazer parte dessa equipe. Fiquei lisonjeado ao receber o convite do secretário Alexandre Ayres para ser gerente administrativo do Hospital da Mulher, já que eu atuava no HGE [Hospital Geral do Estado]. De certa forma, é gratificante saber que o nosso trabalho está sendo reconhecido”, enfatizou.Segundo ele, com a chegada da pandemia da Covid-19 em Alagoas, a equipe teve que ajustar todos os setores e “trocar o pneu do carro já andando”. “Com seis meses de funcionamento, tivemos que refazer o hospital. Readequamos praticamente tudo para que o Hospital da Mulher pudesse funcionar da melhor maneira possível, a fim de atender os casos suspeitos e confirmados dos pacientes acometidos pelo novo coronavírus. Montamos dois hospitais em menos de um ano. Foram momentos que trouxeram para a equipe diversos desafios e grandes aprendizados”, analisou.Entre as maiores lições que ele tem tirado nesses últimos meses é a de que a união faz a força. “Com a pandemia, a equipe precisou estar ainda mais unida para que pudéssemos atingir os resultados necessários. Se não fosse a união do grupo, não teríamos alcançado resultados tão expressivos em nosso atendimento”, evidenciou.