Renan Calheiros para Bolsonaro sobre CPI da Covid: por que tanto medo?
Senador será indicado como relator, indo de encontro ao desejo do Palácio do Planalto
A CPI da Covid está marcada para ser instalada nesta terça-feira (27) no Senado em meio a um embate na Justiça, uma guerra de narrativas sobre o combate à Covid-19 e tendo o senador Renan Calheiros (MDB) como principal porta-voz da situação.
Na noite desta segunda (26), um dia antes da data marcada para a primeira sessão, a Justiça Federal do Distrito Federal concedeu uma decisão liminar (provisória) para impedir que Renan seja nomeado relator, mas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, já disse que não irá atender ao pedido do Judiciário.
À Folha de São Paulo Renan disse que a decisão é anômala por impedi-lo de ser eleito para um cargo que, na verdade, se dá por indicação do presidente da comissão. A regra está prevista no inciso 3 do artigo 89 do Senado. "Nunca antes houve uma decisão tão descomunal como esta", afirmou o senador. Em razão do que consideram ser um erro da decisão judicial, aliados do emedebista dizem que Renan pode ser indicado nesta terça para a relatoria da CPI.
Renan disse que recorreria, que a medida era "esdrúxula" e sem "precedente na história do Brasil" e foi "orquestrada pelo governo Jair Bolsonaro e antecipada por seu filho". "Estamos entrando com recurso e pergunto: por que tanto medo?".
A pessoas próximas Renan Calheiros afirmou que seu objetivo inicial como relator é entender o que levou o Brasil a demorar a assinar contratos para a compra de imunizantes e os entraves que geraram demora na entrega de insumos ao país.
Bolsonaro tem minoria na comissão, com apenas 4 representantes dos 11 indicados, o Palácio do Planalto falhou em articular indicações e estratégias que pudessem favorecê-lo no colegiado.