Brasil só está entre os países que mais vacinam quando considerados apenas os números absolutos
Na taxa de vacinados em proporção ao número de habitantes o país ocupa o 87º lugar no ranking internacional
Circula nas redes sociais a informação de que o Brasil seria o 3º país do mundo que mais vacinou sua população contra a Covid-19. A informação é parcialmente verdadeira. A classificação utilizada na imagem considera apenas o número absoluto de doses aplicadas e não o percentual da população vacinada em cada país. No dia em que o dado foi coletado, o Brasil ocupava o 87º lugar no painel que apresenta a taxa de cidadãos imunizados a cada 100 habitantes.
A imagem compartilhada foi originalmente divulgada pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República no Twitter, como informou o site Poder 360, no entanto a mensagem foi apagada. "Brasil é o 3º país que mais vacina no mundo. Quase 130 milhões de doses distribuídas aos estados e DF. 94,2 milhões de vacinas aplicadas”, informava a postagem.
Os números da vacinação no Brasil são verdadeiros e a colocação entre os países que mais vacinam faz parte do ranking disponibilizado no site Our World in Data, ligado à Universidade de Oxford, no Reino Unido.
No entanto, o recorte utilizado na postagem considerou apenas o número absoluto de doses aplicadas até sábado (26). O que não é uma comparação estatisticamente correta, já que os países possuem populações diversas e não devem ser comparados em valores absolutos. No mesmo ranking, consultado na última quarta-feira (30), o Brasil ocupava o 4º lugar em números absolutos, com 98,83 milhões de doses aplicadas, atrás da China (1,87 bilhões), Índia (327,42 milhões) e Estados Unidos (325,15 milhões).
Por outro lado, no painel com o número de doses aplicadas a cada 100 habitantes, o Brasil ocupava a 87ª colocação. Uma reportagem da revista Veja mostrou que a análise em grandeza proporcional, demonstrada em porcentagem, costuma ser mais justa e fiel ao real cenário.
“A classificação de qualquer país, seja qual for o ranking, gera polêmica devido às sensíveis diferenças entre dimensão territorial, produto interno bruto e tamanho da população, entre outras características específicas de cada um. [Um exemplo seria fazer a comparação] entre nações como Israel, com menos de 10 milhões de habitantes, e as superpopulosas China e Índia, com cerca de 1,4 bilhão cada uma”, cita a matéria.