Partos prematuros aumentam na pandemia; veja as causas e quais cuidados tomar
O número de partos na Maternidade Escola Santa Mônica cresceu aproximadamente 8,7% se comparados o primeiro quadrimestre de 2020 e 2021
No Brasil, o número de mortes pela covid-19 já ultrapassa a marca de 520 mil. Para as grávidas, segundo dados oficiais compilados pelo Observatório Obstetrício Covid-19, o número é de pelo menos 1.461 nesses quase dois anos de pandemia, sendo 1.007 apenas em 2021.
Além disso, as altas nos casos de infecção pelo coronavírus têm provocado um crescimento no número de bebês prematuros, que são os nascidos até a 37ª semana de gestação. Um exemplo em Maceió é a Maternidade Escola Santa Mônica, que de janeiro a abril de 2020 teve 184 partos prematuros. No mesmo período este ano, o número cresceu para 200, um aumento de aproximadamente 8,69%.
O 7Segundos conversou com a obstetra, dra. Cristina Cabus, sobre os fatores que podem levar a um parto prematuro e os cuidados que grávidas deve tomar na pandemia.
Segundo dra. Cristina, como a covid-19 é uma doença nova, todos ainda estão apreendendo sobre seus efeitos, porém, o que se observa é que, devido aos fatores tromboembólicos da doença, pode haver um déficit na placenta, assim como um retardo do crescimento fetal. Isso leva o obstetra a indicar um parto antes do tempo, porque o bebê para de crescer.
Outro fator é a oligodramnia, uma diminuição da quantidade de líquido amniótico, que fica dentro do útero. Embora os fatores que levam à oligodramnia não estejam sendo estudados, de acordo com Cabus, o déficit de líquido pode ser causado por um quadro infeccioso grave da covid, com muita febre, por exemplo.
Há ainda casos de grávidas com quadros graves da doença, às vezes entubadas, que precisam de tratamento mais invasivo, mas que ficam impossibilitadas por conta do bebê. Dra. Cristina deu o exemplo de uma paciente com 32 semanas, que não respondia às medicações e precisava ser “pronada” (mudada de posição devido ao tempo sem se mexer, ou para melhorar os parâmetros respiratórios). O parto adiantado foi indicado para o caso. A mãe e o filho estão em casa atualmente.
Psicológico
Segundo Cristina, ainda não há nada que indique que os efeitos psicológicos da pandemia na grávida tenham consequência direta no crescimento de partos prematuros. No entanto, a falta de cuidado pode afetar o bebê.
“Lógico que ela pode fica deprimida, pode não se alimentar bem”, disse ela. “O que pode levar o bebê a não engordar bem e a diminuir o líquido porque ela não se hidrata”.
Há também o medo de contrair a doença. “Já tive pacientes que pediram para tirar antes porque estavam com medo”, contou.
E quando há sintomas gripais, a primeira coisa a vir à mente é o coronavírus. “É como eu digo a elas: ‘a gente está vivendo uma pandemia’. ‘Ah, não existe mais gripe?’ Existe gripe, sim, mas a gente está vivendo uma pandemia onde a primeira coisa em que temos de pensar quando uma gravida está com sintomas gripais é de descartar a covid.”
Cuidados
Os cuidados principais em relação à covid-19 são os básicos: lavar as mãos, usar máscara e álcool. Porém, Cristina alertou que grávidas devem redobrar os cuidados, pois são “grupo de risco para qualquer processo infeccioso e imunodeprimidas por natureza”, principalmente as que estão com sete meses ou mais de gravidez, que é quando costumam ocorrer os casos mais graves.
Outros cuidados são: ausentar-se do trabalho; trabalhar em home office; evitar contato com pessoas que não sejam da mesma casa; e sair o mínimo de casa.
Junto a isso, a obstetra recomendou uma alimentação saudável, muita hidratação, praticar atividades físicas em casa, de preferência, e acompanhamento psicológico.
*Com supervisão da editoria