Educação

Declaração de ministro da Educação pega instituições federais em Alagoas de surpresa

No começo deste mês, Ribeiro, juntamente ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, já havia feito declarações do gênero

Por João Arthur Sampaio 22/07/2021 15h03 - Atualizado em 22/07/2021 16h04
Declaração de ministro da Educação pega instituições federais em Alagoas de surpresa
Milton Ribeiro, ministro da Educação - Foto: Isac Nóbrega/PR

Nesta semana, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, fez um pronunciamento em rede nacional de televisão defendendo o retorno às aulas presenciais. "Quero neste momento conclamá-los ao retorno às aulas presenciais. O Brasil não pode continuar com as escolas fechadas gerando impacto negativo nestas e nas futuras gerações".

No começo deste mês, Ribeiro, juntamente ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, já havia feito declarações do gênero. À época, ele afirmou que "passou vergonha em reunião do G20", pelo fato do Brasil ser "um dos últimos países com escolas e universidades fechadas".

Acontece que o Brasil é o segundo mais onde mais morrem pessoas em decorrência da Covid-19, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. De acordo com dados da Agência Brasil, até essa quarta-feira (21), o país tinha 545.604 mortes e 19.419.437 de casos.

Mesmo assim, Ribeiro classificou o retorno ao presencial como uma "necessidade urgente". A fala pegou as instituições federais em Alagoas de surpresa, especialmente, como disse a pró-reitora de ensino do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), Cledilma Costa, "em relação aos recursos e protocolos".

No Ifal ainda não foi definida uma data para a volta, e a instituição segue com o calendário à distância. O retorno ainda está sendo planejado junto aos 16 campis, de forma gradual e com segurança. "A nossa maior oferta é a educação profissional, com uma parte da carga horária voltada para formação prática. Nossa perspectiva é que esse seja o primeiro a voltar, juntamente às turmas que estão concluindo os cursos", explicou Cledilma.

A pró-reitora contou que o colégio dirigente não está adotando o conceito de educação híbrida, defendendo apenas um retorno presencial de maneira segura. O Ifal está desde agosto de 2020 com aulas online, alguns campis ainda estão finalizando o ano letivo passado, enquanto que outros já começaram o de 2021.

Campus do IFAL em Maceió

Por outro lado, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) já tem data marcada para começar o primeiro semestre deste ano, com esta definida para 22 de outubro, porém, só em setembro haverá uma decisão sobre o retorno presencial. Até então apenas o ensino remoto está garantido.

"Todo mundo quer voltar, a fala do ministro só mostra essa vontade coletiva e, neste sentido, tem impacto na decisão da Ufal. No meu entendimento os professores estão vacinados, a grande parte da população, não, nem os estudantes. Ainda não temos informação com relação à segurança para ter uma proposta de volta ou não. O conselho vai estudar o caso", afirmou o reitor da universidade, Josealdo Tonholo.

Tonholo ressaltou o avanço da vacinação, mas colocou como contraponto as incertezas em relação às vacinas e às variantes. "A Ufal tem autonomia e segurança e estamos seguindo estritamente o protocolo do conselho nacional de educação, que foi definido numa portaria específica para a pandemia".

Hoje, apenas 17% da população brasileira está completamente imunizada contra a Covid-19. Na contramão do país, Alagoas segue em ritmo avançado e já vacina pessoas a partir dos 35 anos. O total de pessoas devidamente vacinadas no estado é de 476.236, sendo 426.701 com as duas doses e 49.535, de acordo com os últimos dados disponíveis no site Localiza SUS.

Ainda vale lembrar que, além dos problemas causados pela pandemia, o Projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA), sancionado com atraso pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em abril, trouxe um corte de quase R$ 13 milhões para o Ifal, fazendo com que seja o menor orçamento dos últimos 10 anos, e de R$ 42 milhões para a Ufal.