Entenda o impacto da pandemia na alfabetização de crianças
Para comentar sobre o assunto, o 7Segundos ouviu a pedagoga Sara Egito
O Dia Mundial da Alfabetização é celebrado nesta terça-feira (8) e buscando entender os efeitos da pandemia do novo coronavírus na educação básica, o 7Segundos conversou com a pedagoga e mestra em educação, Sara Egito.
Segundo o último levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice de analfabetismo de Alagoas registrou a marca de 17,2%.
Questionada se a Covid-19 poderia agravar ainda mais este número, Sara alertou para a descontinuidade do processo de alfabetização, que precisa ser constante.
“O processo de alfabetizar requer constância, prática e interação entre estudantes e professores. E como estamos passando por esse momento de readaptação da educação na modalidade on-line, as premissas citadas inicialmente podem ficar comprometidas por diversos fatores como o acesso à internet dos estudantes, a desenvoltura/prática docente com as interfaces digitais, a ausência ou o afastamento da gestualidade e do lúdico (são fatores imprescindíveis no ato de alfabetizar). Quando falta um desses elementos, a alfabetização fica com algumas lacunas não preenchidas”, respondeu.
Além da descontinuidade, outra preocupação é a estagnação das crianças no processo de aprendizagem. Uma pesquisa feita pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) constatou que 51% das crianças em processo de alfabetização da rede pública não conseguiram avançar em seu processo educacional.
Em outras palavras, mais da metade das crianças não conseguiram aprender nada de novo nesse ano de pandemia. Na visão da pedagoga, esse problema também gera consequência na aprendizagem de outras disciplinas.
“Essas crianças por não terem completado o ciclo da alfabetização poderão ter dificuldades nas outras disciplinas, uma vez que a leitura e a interpretação são elementos basilares para a compreensão. Outros efeitos negativos resultado dessa estagnação são o analfabetismo ou o analfabetismo funcional”, explicou.
Visando combater a problemática do analfabetismo no país, o Plano Nacional de Educação (PNE), Lei 13.005/2014, possui como objetivo realizar melhoras desde o ensino infantil até a pós-graduação, visando zerar todos os índices de alfabetismo no país. Atualmente, o Brasil contabiliza 11 milhões de pessoas com 15 anos ou mais, que não são capazes de ler e escrever coisas simples.
Contudo, apesar do PNE ser otimista, na visão de Sara, essa projeção é ilusória. "Não acredito que seja possível, principalmente com esse momento pandêmico que estamos vivenciando. As metas do PNE foram elaboradas para serem cumpridas em 10 anos, não contávamos com uma pandemia no meio desses anos e foi algo que comprometeu a educação (é bom deixar claro que o problema não é o ensino on-line, mas sim a forma abrupta que foi inserido nas escolas, a ausência de formação referente as tecnologias digitais e a falta de acesso à internet por parte dos estudantes", afirmou.