Um homem, identificado como Willamys Dias Soares, conhecido como “Mi”, foi detido por policiais do Batalhão de Polícia de Guarda (BPGd) por desacato à autoridade policial. O caso foi registrado nesta sexta-feira (10), após a polícia receber denúncia de volume de som abusivo no Bairro Santa Lúcia, parte alta de Maceió.

Poderia ser mais um caso rotineiro de prisão por perturbação do sossego alheio, não fosse uma detalhe revelado pelo suspeito aos policiais que atenderam a ocorrência. Ao ser abordado pela PM, Willamys justificou ter aumentado o som porque estaria comemorando a sua aprovação no concurso da concurso da Polícia Militar de Alagoas (PM-AL), realizado em agosto, cujo resultado das provas objetivas foi divulgado no final da tarde de sexta (10).

O Portal7Segundos apurou que o nome de Willamys Dias Soares consta na lista dos aprovados do concurso, mas o estranho de tudo isso é que ao ter acesso à ficha criminal do suspeito, a guarnição descobriu que o candidato aprovado no concurso já teve algumas passagens pela polícia, e ainda, que o suspeito sequer teria concluído o ensino fundamental I, situação que o impederia de prestar o concurso por não se enquadrar no requisito exigido para ingressar na PM-AL em relação à escolaridade.

Após a detenção, a polícia verificou no sistema que o suspeito já esteve detido e respondeu a processo por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo. Além disso, o suspeito teria se declarado semianalfaberto por ter estudado até o 4º ano do Ensino Fundamental.

No depoimento à polícia, o suspeito também teria confirmado que mesmo após os militares pedirem para ele baixar o volume do aparelho de som, ele resistiu à ordem da polícia e desrespeitou os PM´s. O suspeito também confirmou que estava realizando a festa com som alto porque comemorava a aprovação no concurso da PM, e que, além dele, uma parente também teria sido foi aprovada.

Depois de ser submetido ao Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), o suspeito foi liberado, mas vai deve responder na justiça pelo crime de desacato.

Suspeita de fraude

O Portal7Segundos também teve acesso à informação de que o nome de Willamys Dias Soares aparece entre os primeiros colocados para o cargo de soldado, mas o estranho é que do total de 120 questões que deveriam ser respondidas na prova, ele acertou 100 e deixou as 20 restantes em branco.

Com a suspeita de ele ter burlado o processo seletivo, a reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag), que é a responsável pelo desenvolvimento do concurso, e foi informado de que o órgão já apura as informações da suposta fraude, junto com o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe), banca organizadora do exame.

Devido também à suspeita de fraude no concurso, o caso agora deverá ser investigado pela Gerência de Polícia Judiciária da Região 1 (GPJ1) da Polícia Civil.

Seplag

A Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag), se pronunciou sobre o caso neste sábado (11) através da seguinte nota:

A Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag) informa que já entrou em contato com o Cebraspe, banca responsável pela organização do concurso da PMAL, para que seja feita a apuração dos fatos. A Seplag reforça que todo o cidadão está apto a fazer a prova, desde que cumpra os requisitos previstos no edital, e que, para além dos exames, há, ainda, outras etapas eliminatórias que integram o certame. Caso haja comprovação de que algum candidato fez uso de meio ilícito durante a realização das provas, ou que não cumpre as demais premissas do concurso, este será eliminado do processo. A Secretaria vem acompanhando de perto todas as tratativas relacionadas ao certame, no intuito de assegurar a sua lisura e, também, de garantir que o melhor quadro de candidatos seja, de fato, selecionado para apoiar o desenvolvimento do estado de Alagoas.

Alfredo Gaspar

O secretário de Segurança Pública de Alagoa, Alfredo Gaspar de Mendonça, também se manifestou sobre o caso em suas redes sociais na noite deste sábado (11), afirmando que determinou a investigação do caso.