Saúde

“Até os heróis são os mesmos”, diz Jó Pereira em crítica a estado do HGE

Deputada comparou cenário do hospital em 2021 ao de 2015

Por Assessoria 28/09/2021 17h05 - Atualizado em 28/09/2021 17h05
“Até os heróis são os mesmos”, diz Jó Pereira em crítica a estado do HGE
Deputada Jó Pereira - Foto: Assessoria

Em aparte ao pronunciamento do deputado Cabo Bebeto nesta terça-feira (28), denunciando mais uma vez a situação de abandono do Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, a deputada Jó Pereira lembrou que, em 2015, ela e demais integrantes da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, então presidida pelo deputado Francisco Tenório, visitaram o hospital e, hoje, seis anos depois, o cenário de desassistência, infelizmente, é o mesmo.

“Desejamos, com muita força, e esperamos uma atitude mais enérgica do Estado de Alagoas para resolver os problemas de acesso ao atendimento de saúde. Os heróis do HGE, inclusive, são os mesmos. Naquela oportunidade conhecemos médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, assistentes sociais que se dedicam de corpo e alma à missão de contribuir com a saúde de alagoanas e alagoanos. Mas infelizmente heróis não conseguem salvar vidas sozinhos. Eles precisam da colaboração do poder público, de uma política pública de saúde estruturada”, pontuou a parlamentar.

Ao frisar que o HGE é prioridade “ontem, hoje e sempre”, por ser o hospital de urgência e emergência de Alagoas, e cobrar o funcionamento adequado também dos novos hospitais, construídos pela necessidade de oferecer acesso a um serviço digno e de qualidade de saúde para alagoanos e alagoanas, Jó voltou a dizer que não é possível fazer saúde pública resolutiva insistindo em utilizar apenas 12% (percentual mínimo exigido por lei) de recursos do Orçamento para isso.

“É muito pouco. Quando distribuímos o valor investido em saúde para a quantidade de alagoanos, temos o menor valor per capita por habitante da região Nordeste. Insistimos: não tem como fazer saúde sem estruturar a atenção básica, sem investimentos na atenção básica, sem recursos financeiros, tecnologia e sem recursos humanos. Saúde é um cenário construído com tudo isso”, pontuou, acrescentando que, como agravante, 90% dos alagoanos utilizam o SUS, quando em outros estados esse índice é menor.

Relatando os urgentes “pedidos de socorro” que recebe, assim como ocorre com outros colegas deputados, a exemplo de realização de exames de cateterismo e cirurgias ortopédicas, Jó Pereira prosseguiu afirmando que “não é correto que tenhamos que solucionar esses problemas em Alagoas com uma rede de amigos e influência, que muitas vezes dá certo, é verdade, mas e quem não tem acesso a uma rede dessas? Não tem acesso aos serviços de saúde?”, questionou.

“Faltam investimentos adequados em políticas públicas de saúde. O HGE continua recebendo paciente oncológico e ele não existe para isso. É necessário que os hospitais que foram construídos comecem a atender os alagoanos como nós precisamos. Fica aqui o meu desejo que a gente dê um passo para a frente, porque só construir hospitais não resolve”, reforçou Jó.

Saúde básica

Ao fazer a defesa dos municípios, cobrados em relação ao atendimento na saúde básica – como forma de desafogar o Hospital Geral – a deputada citou que algumas cidades investem bem mais que o piso constitucional (12%) em saúde, entre 20% e 30% de seu Orçamento, além da utilização de emendas impositivas, quando, em contrapartida, o Estado investiu somente 0,1% de seu Orçamento na atenção básica.

“Cadê os recursos do Fecoep para atender o pobre que vai para o HGE? Política de saúde precisa ser feita com planejamento, que é sempre deixado para um segundo momento. Cadê as ações multisetoriais das diversas secretarias, a simultaneidade das ações? E o Plano Estadual de Combate ao Câncer, que nunca foi aprovado pelo Conselho Estadual de Saúde? No momento em que Alagoas tem disponibilidade de recursos, eles precisam ser investidos em nossos maiores desafios históricos e, sem dúvida nenhuma, a prestação de serviço de saúde, o HGE é um desafio histórico. Não tenho orgulho do uso de 100% do dinheiro de Alagoas, porque somos o segundo estado mais pobre, temos que alavancar as ações de combate aos nossos desafios com recursos federais e internacionais, o uso do dinheiro próprio deveria ser prioridade no combate aos péssimos indicadores e na desigualdade existente entre nós, alagoanos”, destacou.

Para exemplificar sua fala, Jó citou como exemplo dados da gestão na área de saúde do município de Campo Alegre que tinha 100% de seu território sem saneamento e, hoje, graças a recursos federais, metade do município, o distrito de Luziápolis, é 100% saneado.

Segundo Jó, com planejamento e recursos federais, com o complemento de recursos próprios e a colaboração do Estado, o município avançou na construção de políticas públicas para prestação de serviços públicos de qualidade na saúde, educação e assistência e desenvolvimento social.