Reitor da UFAL comenta dificuldades durante a pandemia e corte de verbas
Josealdo Tonholo participou do Na Mira da Notícia desta quinta-feira (23)
Nessa quinta-feira (23) foi a vez do reitor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Josealdo Tonholo, participar do programa Na Mira da Notícia. Na ocasião, o convidado comentou sobre os desafios e obstáculos encontrados no meio do caminho em meio à pandemia da Covid-19. Além disso, ele também falou sobre o corte de verbas e o ataque cibernético que a instituição sofreu no ano passado.
A UFAL passava por dificuldades, assim como a maioria das instituições públicas de ensino superior em todo o país, mas o problema foi agravado com a chegada da pandemia. São cerca de 30 mil alunos matriculados nos 114 cursos de graduação distribuídos em 22 unidades acadêmicas na capital alagoana, no campus de Arapiraca e do Sertão.
Além dos problemas financeiros, recentemente, o reitor Josealdo Tonholo informou que a instituição sofreu um ataque cibernético nos últimos dias, assim como diversos sites e órgãos do Governo Federal também sofreram nos últimos meses.
“Acho que a Universidade Federal de Alagoas, como todas as outras universidades federais, sofreu bastante nesses últimos dois anos; de um lado pela questão da pandemia, que nos tirou do presencial e nos afastou dos nossos estudantes, mas as atividades continuaram. Nós não deixamos de lecionar, continuamos lecionando na maior parte pela via remota, mas as atividades presenciais continuaram, como os estágios”, disse Josealdo Tonholo.
O reitor da UFAL ainda acrescentou que a instituição teve que se reinventar durante esse período: “o modo remoto, que era meio que opcional, passou a ser uma atividade rotineira”. Segundo ele, a comunidade universitária se adaptou ao novo método de ensino emergencial e, alguns deles, até mesmo se formaram de forma remota e partiram para a pós-graduação em todo o território nacional, e até mesmo internacional.
O convidado também ressaltou da importância dos serviços ofertados pela UFAL à sociedade em tempo de pandemia, como o Hospital Universitário. “O nosso HU, por exemplo, esteve trabalhando a todo o vapor para salvar vidas dos alagoanos. Nós montamos uma Unidade Covid-19, que atendeu alagoanos, os manauaras, e foi eleita como melhor Unidade Covid-19 do sistema federal”, salientou.
Sem poupar elogios, o reitor colocou em pauta todo o trabalho dos pesquisadores nesse momento de crise da saúde pública, desde pesquisas relacionadas à Covid-19, passando pela atividade remota e métodos de gamificação para melhorar a qualidade do ensino, sem deixar de acrescentar a testagem RT-PCR, que facilitou na identificação de casos do novo coronavírus em todo o estado.
“Foi um período de muito aprendizado e de muito preparo para o que vem pela frente”, pontuou.
Após os dados de inúmeros alunos da UFAL terem sido vazados por hackers no final de 2020, Tonholo explicou que o protocolo seguido é exigido pelo Operador Nacional, que é vinculado à Rede Nacional de Pacotes (RENPAC), para que todos os procedimentos necessários fossem tomados. No total, cerca de 16 mil dados de estudantes da instituição foram obtidos pelos hackers.
Quanto as aulas presenciais, o reitor pontua que aulas híbridas já é uma realidade para a comunidade acadêmica, mas que o percentual de atividades presenciais irá aumentar significativamente a partir de março, mês em que acaba o atual semestre letivo, e que o assunto já está sendo debatido no Conselho Universitário.
“Aquelas atividades que foram possíveis voltarão integralmente ao presencial, outras talvez a gente tenha que rever, como por exemplo alguns dos cursos noturnos em que o aprendizado pela forma remota talvez tenha sido melhor do que de forma presencial com essa capacidade de aproveitamento dos estudantes nesse momento de pandemia”, acrescentou.
O radialista Angelo Farias aproveitou a oportunidade e questionou o reitor sobre a UFAL ser a única instituição estadual que manterá o curso de Jornalismo. Em resposta, Tonholo destaca que a Comunicação Social é um de seus principais focos.
“É foco de nosso interesse direto; primeiro porque a imprensa nacional, os jornalistas e profissionais formados em Relações Públicas tem um papel especial, não só na questão da condução institucional, como, nesse momento, de crise institucional e política que o Brasil vive, de manutenção da verdade. Esses cursos de comunicação tem um papel especial na tangência da democracia no país”, disse ele sobre a grande importância de manter profissionais dessas áreas para atender às necessidades da população.
Ele ainda informou que está sendo tratado um investimento de equipamentos de alta tecnologia para os cursos de Comunicação Social da universidade. “Nossa expectativa é de que em breve tenhamos um salto de qualidade nas atividades práticas do curso particularmente de Jornalismo”.
Quanto ao apoio do Governo Federal, o reitor criticou a falta de verbas e a falta de correspondência às necessidades da instituição. “O Governo Federal deveria ter uma atenção muito especial com as universidades federais, que são os grandes vetores de desenvolvimento e de redução das desigualdades de todos os estados, particularmente aqui na nossa região Nordeste”, frisou.
O orçamento da UFAL vem sendo reduzido de ano em ano. No momento, o Orçamento Discricionário baixou aos níveis de 2016. Já ao orçamento destinado às obras caiu ao montante que a instituição possuía em 2006. “É um orçamento muito pequeno para manter uma estrutura que a universidade criou em todo o estado e que está atendendo hoje cerca de 30 mil estudantes de graduação dos nossos 102 municípios”, lamentou.
Apesar disso, Josealdo Tonholo disse que toda a bancada está buscando conseguir ao menos o orçamento que a universidade possuía em 2017 para tentar conduzir a instituição com um ensino de qualidade.