Censurada por Collor nos anos 1990, novela da Manchete vira surpresa no YouTube
Até então, algumas cópias estavam na massa falida da Manchete e foram vendidas em um leilão
Única novela proibida de ir ao ar pela Justiça desde o fim da Ditadura Militar (1964-1985), O Marajá (1993) ficou disponível para o público quase 30 anos depois.O paradeiro de suas fitas era incerto desde que o ex-presidente Fernando Collor (PROS-AL) havia conseguido a proibição, mas na semana passada, um canal no YouTube disponibilizou seu primeiro capítulo.
Até então, algumas cópias estavam na massa falida da Manchete e foram vendidas em um leilão, em São Paulo, no ano passado. Outras foram escondidas pelo próprio dono, Adolpho Bloch (1908-1995), após a celeuma do caso. Poucas imagem tinham sido disponibilizadas para o público até então.
Uma delas estava no documentário sobre a vida de Fernando Barbosa Lima (1933-2008), jornalista que foi executivo da Manchete em seus últimos anos. Segundo o Canal Memória, que disponibilizou o capítulo, algumas fitas também foram entregues para atores da produção guardarem como recordação do trabalho.
A trama pretendia fazer uma junção de novela com jornalismo, em que fatos sobre o governo Collor (1990-1992) seriam explicados por meio de uma paródia feita pelos atores, baseando-se em depoimentos colhidos na CPI que investigou e que ajudou a tirar o primeiro presidente eleito após os militares por indícios de corrupção.
O Marajá foi escrita por José Louzeiro, Regina Braga, Eloy Santos e Alexandre Lydia, com direção de Marcos Schechtman, gravada com uma única câmera e reaproveitando cenários e figurinos de outras produções da casa. Em crise financeira Adolpho Bloch chegou a emprestar um carro seu para as gravações. No elenco, estavam nomes como Julia Lemmertz e Alexandre Borges --este em seu primeiro trabalho na TV.