Jornalista reúne dicas de como comer bem e celebrar a gastronomia alagoana em novo livro
Nide Lins concedeu detalhes sobre a sua nova obra
Com um olhar apurado e um conhecimento culinário de dar água na boca, a jornalista Nide Lins estará lançando a terceira edição do seu Guia de Gastronomia Popular Alagoana nesta segunda-feira (21), em Maceió.
Nesta terceira edição, feita com os recursos da Lei Aldir Blanc e distribuído pela Editora da Universidade Estadual de Alagoas (EdUneal), a comunicadora reuniu 100 indicações de botecos, bares, comidas de rua e lugares que reúnem uma boa história e uma boa comida, como definiu a própria autora, para dar água na boca de seus leitores.
Em busca de saber mais sobre o seu guia, o 7Segundos entrou em contato com Nide Lins para a amante da boa gastronomia nos contar um pouco mais a respeito da sua obra e saber o que o público deve esperar da sua nova edição. Confira.
7Segundos: De onde surgiu a inspiração para escrever mais um guia de gastronomia popular?
Nide Lins - O guia de gastronomia popular alagoana já é uma tradição, né? Está na terceira edição e tudo começou quando eu escrevi o blog, e aí a colega Janaina, na época editora da Graciliano Ramos, me convidou pra que todas as minhas publicações do blog virassem um livro. Eu aceitei, foi a primeira, segunda edição e a terceira agora com EdUNeal. Então o guia é para mostrar às pessoas onde encontrar a comida tradicional, comida de rua, comida de boteco que não só seja tradicional e que seja boa. E é um guia exatamente para que as pessoas saibam como chegar, telefone, conheçam um pouco da história de cada personagem envolvido e um pouco de como é feita a comida. Não tem receita.
7Segundos: Das 100 indicações que você traz em seu livro, há alguma ou algumas das quais você considera mais especial ou, “melhor”, por assim dizer?
N.L - Olhe todas as cem dicas são importantes porque são dicas muito diversificadas. Você vai ter cuscuz de arroz, você vai ter cuscuz de milho, você vai ter um sarapatel, você vai ter um bode, você vai ter tilápia, e você vai ter coisas no sertão, você vai ter comidas no Rio São Francisco, ou seja, ele faz um mapeamento de não muito de mais de vinte cidades alagoanas, né? O meu livro é focado muito naquele boteco de bairro. É aquele boteco da Ponta Grossa, da Jatiúca, do Jacintinho, do Tabuleiro. São várias dicas de lugares que muitas vezes a gente não conhece que existem.
Dizer qual a melhor, todas são boas, tem algumas particularidades, por exemplo Tanajura, Tanajura é uma iguaria, é uma comida de origem indígena e quando há trovoadas, que a formiguinha sai do buraco, você vai encontrar no Bar do Frazo, em Porto Calvo. Por exemplo, cabeça de bode que é também uma coisa tradicional, nordestina aqui você vai comer em Arapiraca. Tem umas comidas mais diferenciadas que você vai encontrar em várias cidades, em algumas cidades, né? Mas todas as cem dicas eu considero boas. Agora, o povo vai correr atrás para ver se são boas mesmo.
7Segundos: Qual foi o critério que você adotou para escolher os lugares indicados no seu livro?
N.L - O meu critério é comida boa que tem história, então se tivesse dois ingredientes, já estava no meu livro. Posso contar uma história, o do Boteco do Tonho, o primeiro sucesso do blog em 2012. Era só ele e a filha, com umas quatro mesas. Ele vendia costela suína, que era temperada apenas no sal. Não tinha nenhuma invenção. E aí quando eu publiquei, ele pulou de dez que vendia semanalmente, e ainda sobrava, para cinquenta.
7Segundos: Há algum lugar que sempre aparece nos seus guias?
N.L - Então o Boteco do Tonho tá desde 2012, ele consegue sempre se superar. Então ele também colocou uma tilápia recheada, uma tilápia aberta, boa comida, tem um caldinho de camarão com maxixe, então ele também puxa pela criatividade. O que eu poderia destacar é isso, ter uma boa história e uma boa comida.
7Segundos: Além indicar lugares, você também conta a história das pessoas e a sua relação com a culinária. Há algum personagem que tenha te tocado em especial?
N.L - Não, tem muita história bacana. o Boteco do Uruga, que é o César, é uma história de superação. Ele foi mendigo, ele chegou a mendigar nas ruas, trabalhou por um prato de comida e por uma dormida, sem ter salário e hoje ele tem seu boteco, que fica ali no Jaraguá, que é chamado boteco do Uruga, onde tem churrasquinho, onde tem umas comidas inclusive que não são tradicionais de Alagoas, mas que ele trouxe, como as empanadas, mas o churrasquinho dele é o lado forte. O legal da história dele é que ele deixou de ser mendigo para ser dono de um boteco. Então são pessoas que conseguiram passar por tudo isto.
Tem histórias como do seu Moacir, do cachorro-quente. Que tem mais de cinquenta anos, Moacir tem mais de oitenta anos. E ele está lá diariamente de segunda a sexta-feira, fazendo show com cachorro-quente há cinquenta anos.
7Segundos: Por fim, você pretende continuar escrevendo guias gastronômicos ou irá parar na terceira edição?
N.L - Se eu vou parar na terceira edição eu espero que não, né? Embora essa edição, eu tive o apoio da lei Aldir Blanc, que foi muito importante pra quem faz cultura no estado e cultura no Brasil. Espero que outras leis venham pra incentivar exatamente a produção literária. Eu pretendo sim dar sequência ao guia. Já virou uma tradição.
*Com supervisão da Editoria