Alagoas

“Precisamos adiantar o relógio das conquistas”, diz Jó ao falar sobre sub-representatividade feminina nos espaços de decisão

A parlamentar fez o pronunciamento nesta quarta-feira (09)

Por 7Segundos com Assessoria 09/03/2022 14h02
“Precisamos adiantar o relógio das conquistas”, diz Jó ao falar sobre sub-representatividade feminina nos espaços de decisão
Deputada Jó Pereira - Foto: Assessoria

Em pronunciamento realizado nesta quarta-feira (9), na Assembleia Legislativa, a deputada Jó Pereira afirmou que é preciso adiantar o relógio das conquistas femininas. Ela também discorreu sobre os retrocessos recentes em muitos direitos das mulheres e a sub-representatividade nas esferas de tomada de decisões, e sobre algumas ações e leis, de sua autoria, que beneficiam diretamente as alagoanas.

O discurso seria proferido ontem, Dia da Mulher, mas não houve sessão, pela ausência do número mínimo de deputados no Plenário da Casa.

“Como estamos em mais um ano de dificuldades vindas da pandemia, quero ressaltar que 70% dos trabalhadores de saúde no mundo são mulheres e que as mulheres fazem três vezes mais trabalho não remunerado de prestação de cuidados do que os homens. Esses são dados da ONU que foram repercutidos por seu secretário-geral”, contou Jó, acrescentando que a organização também apontou que, apesar dos números citados, no ritmo atual, a igualdade de gênero nos cargos mais altos do poder vai demorar.

Para a deputada, essa sub-representatividade feminina nos espaços de poder e de decisão dificulta ainda mais o enfrentamento aos recentes retrocessos observados em vários direitos das mulheres, muito disso em razão da própria pandemia, que manteve milhares de meninas e adultas fora da escola e do mercado de trabalho, por exemplo.

“Apesar de todo o cenário do aumento da pobreza e da violência, que atingem mulheres principalmente por causa de seu gênero, nós somos assustadoramente sub-representadas nos espaços de poder e de decisão. Seja na área pública, seja na área privada, seja no legislativo, seja no executivo, no judiciário ou em qualquer outra instância. Essa é uma realidade de Alagoas, do Brasil e de todos os países do mundo. Uns mais, outros menos, mas a realidade se impõe”, analisou.

Reforçando que “precisamos adiantar o relógio das conquistas”, a parlamentar defendeu que “a luta que deve nos mover e impulsionar é para cada vez mais conquistar e manter os espaços das mulheres, no sentido de acelerar a equidade, que traz benefícios para todos.”.

“Ao mesmo tempo em que celebramos conquistas como a contribuição da mulher no combate a pandemia, as suas ideias e ideais, os feitos na ciência, o ativismo, a resiliência, as inovações, um novo jeito de fazer e de pensar, que vem mudando o mundo para melhor, equilibrando os conceitos, mudando visões, também devemos referendar e lembrar a necessidade de que ainda estamos muito longe de conquistas importantes, não só para nós, mulheres, mas para toda a humanidade, por isso, devemos continuar fortes e firmes em nossos propósitos”, prosseguiu a parlamentar.

E completou defendendo a necessidade de abraçar a proposta da ONU de adiantar o relógio para meninas e mulheres, por meio de ações efetivas para garantir, entre outros pontos, educação de qualidade para todas; o fim da violência de gênero; a criação e manutenção de medidas direcionadas, como cotas de gênero, para que todos possam se beneficiar das ideias, experiência e liderança das mulheres em todos os lugares onde há tomada de decisões.

Contribuições e conquistas


Frisando que lutar pela mulher e seu empoderamento vai muito além de combater a violência de gênero, Jó Pereira lembrou algumas de suas contribuições e conquistas, como deputada, para melhorar a qualidade de vida das mulheres em Alagoas, como a tentativa de ampliar o financiamento da saúde para melhorar a saúde básica e o atendimento oncológico em todo o estado, por meio da criação do Fundo de Combate ao Câncer, que ainda aguarda regulamentação pelo Poder Executivo.

Jó citou também a lei do parto humanizado, que ainda não é realidade na maioria das maternidades; a informação compulsória da gravidez de menores de 14 anos, que vem, segundo informado pelo próprio Ministério Público, salvando vidas; o conjunto de leis que garantem vagas de aprendizagem para jovens; O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) alagoano; isenção do ICMS na conta de energia do pequeno irrigante; a criação do Selo Artesanal de produtos lácteos; do Orçamento da Criança e do Adolescente; sua participação no Conselho do Fecoep e as conquistas da Frente Parlamentar em Defesa do Comércio.

A parlamentar encerrou a fala completando o raciocínio da ONU: “A desigualdade de gênero é essencialmente uma questão de poder, em uma cultura e em um mundo dominado por homens. As relações de poder devem ser invertidas, precisamos de mais mulheres nesse parlamento, nas câmaras de vereadores, assumindo os cargos de gestão, sendo líderes empresariais, decidindo, dialogando, acolhendo, cuidando. Nós temos capacidade de, junto com homens, construirmos um mundo mais justo e sustentável. Essa é nossa missão, não só de nós mulheres, mas de todos”.