Estudantes protestam contra o abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes em Pilar
Caminhada foi para abrir oficialmente a campanha de Maio Laranja no município
Centenas de estudantes da rede municipal de ensino do Pilar participaram, nesta quarta-feira (18), de uma grande caminhada que abriu oficialmente a campanha Maio Laranja, de combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. A campanha, que mobiliza as secretarias de Assistência Social, Educação e Saúde, além do Ministério Público Estadual e Conselho Tutelar, segue até o dia 31 deste mês, com diversas atividades de conscientização.
O ponto de partida foi a Escola Municipal de Educação Básica Professor Arthur Ramos. Professores e alunos percorreram várias ruas da parte alta da cidade. Eles exibiam cartazes que alertavam para a importância do tema e traziam informações sobre como identificar os sinais de abuso e, inclusive, o perfil do abusador, reforçando, é claro, a importância de a vítima, pai ou responsável denunciar qualquer atitude suspeita.
Coordenadora do Centro de Referência de Assistência Social (Creas), Elane Cedrim é uma das responsáveis pela campanha. Ela explica que o trabalho dos professores, psicólogos e assistentes sociais contempla não somente o jovem pilarense. “Isso porque já começamos a expandir conhecimento para os lares dos nossos alunos. A campanha, na verdade, teve início ainda ontem, quando falamos sobre nossas ações numa rádio local”, afirmou Cedrim, acrescentando que a campanha não se resume ao mês de maio.
“Nosso objetivo é montar uma comissão permanente para debater cada política pública voltada especialmente à defesa dos direitos da criança e do adolescente, criando um Plano Municipal. Já no mês que vem, vamos promover um seminário para avaliar as ações da campanha, trazendo também representantes das secretarias de Estado da Saúde e de Prevenção à Violência, com quem vamos trocar experiências, e, portanto, fortalecer nossa atuação”, emendou a assistente social.
Secretária municipal de Assistência Social, Mônica Santos acompanhou a caminhada pelas ruas da Chã do Pilar e destacou o alcance da iniciativa. “É uma campanha importantíssima. O principal objetivo é levar informação para a população, mas também acolher as vítimas e, sobretudo, trabalhar a prevenção. Nosso município, inclusive, já dispõe de uma rede formada por equipamentos sociais indispensáveis nesse sentido”, relatou a secretária.
Também presente, o secretário municipal de Educação, por sua vez, recordou que o trabalho nas escolas teve início no dia 1º de maio, com rodas de conversa entre professores e alunos. “Buscamos orientar os nossos estudantes sobre como diferenciar um carinho de um abuso sexual. Com isso, estamos prevenindo esse tipo de violência, além de permitir que todos atuem como multiplicadores em suas casas. É dessa forma que a vítima resolve expor determinada situação, que, por vezes, é identificada pelo professor em sala de aula, em virtude da sensibilidade do nosso profissional, sempre apto a perceber algo que nem o pai ou a mãe seria capaz de notar”, avaliou Clewinho Cavalcante.
O principal canal para denúncias é o Disque 100. O Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi instituído pelo Congresso no ano 2000. A data faz menção à pequena Araceli Crespo, capixaba que tinha apenas oito anos de idade quando foi violentada e morta no dia 18 de maio de 1973.
Após a caminhada desta quarta-feira, o fatídico episódio que virou símbolo da luta contra o abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes também foi relatado pelos Agentes da Paz da ONG Pilares da Solidariedade, que recordaram – com uma abordagem pedagógica – o crime do qual Araceli foi vítima.