As fitas. Os balançar dos braços. A voz de minha avó Maria cantando. Essas são lembranças da infância que carrego junto ao Guerreiro, folguedo genuinamente alagoano e que agora pode se tornar patrimônio imaterial do Brasil.

O Fórum de Cultura Popular e do Artesanato Alagoano (Focuarte) iniciou uma campanha para recolher assinaturas e encaminhá-las ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), dando assim, abertura ao processo.

O momento escolhido para isso, foi um encontro de mestres de Guerreiro, na manhã desta sexta-feira (23), no anexo do Teatro Deodoro. Mais de 1.500 assinaturas foram recolhidas, e a entidade pede que mais alagoanos, assinem o pedido que pode ser acessado, clicando aqui.

O Guerreiro é um grupo de dançadores e cantadores semelhante ao Reisado, mas com maior número de figurantes e episódios, maior riqueza nos trajes e enfeites e maior beleza nas músicas. É um folguedo natalino surgido em Alagoas entre os anos de 1927 e 1929, sendo o resultado da fusão de reisados alagoanos, da Chegança, dos Pastoris e do Auto das caboclinhas.

Rico em cores e enredo, é o folguedo mais frequente nas festas populares, possuindo vários personagens como rei, rainha, mestre, contra-mestre, dois embaixadores, general, lira, índio Peri e seus vassalos, dois Mateus, dois palhaços, às vezes uma Catirina, a sereia, a estrela de ouro, a estrela brilhante, a estrela republicana, a banda da lua e as figuras ou "figural".

Os trajes são multicoloridos, imitação dos antigos trajes nobres, adaptados ao gosto e às possibilidades econômicas. Usam fitas, espelhos, contas de aljôfar, enfeites de árvore de natal nos chapéus, que aparecem em forma de igrejas, palácios e catedrais, diademas, coroas, guarda-peitos, calções e mantos.