Saúde

Mais de 7,5 mil alagoanos foram vítimas de infarto nos últimos 4 anos

Além das mortes, assim como o apresentador Faustão, 514 pessoas precisam de um transplante no estado

Por Felipe Guimarães 03/09/2023 08h08 - Atualizado em 04/09/2023 09h09
Mais de 7,5 mil alagoanos foram vítimas de infarto nos últimos 4 anos
Jovens devem ficar atentos aos sinais de infarto - Foto: Foto de Towfiqu barbhuiya

O coração é um dos principais órgãos do corpo humano. A sua função de bombear o sangue por toda nossa estrutura física é única, não havendo outro elemento capaz de reproduzir a sua função.

Apesar da sua importância, nem todas as pessoas cuidam de forma apropriada do órgão. De acordo com dados dos cartórios de registro civil, de 2019 até o segundo semestre de 2023, 7521 alagoanos morreram vítimas de infarto.

Além disso, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) revelou que assim como o apresentador Faustão, acometido recentemente por um quadro de insuficiência cardíaca, 514 alagoanos estão na fila de espera do Sistema Único de Saúde (SUS) para receber um transplante do coração.

Conforme demonstram os dados, coletados até março deste ano, a quantidade é 5,7% maior que a do mesmo período em 2022, quando eram 486, e cerca de 3% superior ao registrado em dezembro (499).

Buscando avaliar os dados coletados e entender melhor sobre como cuidar da saúde do coração, o 7Segundos entrou em contato com um médico cardiologista para falar sobre o assunto.

Questionado se casos como o do Faustão são comuns na sociedade, o profissional explicou que a sua situação é, de fato, bastante comum entre a população geral, atingindo de 1% a 2% da população brasileira e estando relacionada tanto aos hábitos sociais, como ingestão de bebidas alcoólicas, como fatores genéticos.

“A insuficiência cardíaca é uma doença muito comum, que a gente chama de muito prevalente na sociedade. Muita gente tem a doença e não sabe, inclusive. Ela tem várias causas. A mais comum é a hipertensão, isquemia, artérias coronárias entupidas, consumo de bebida alcoólica em excesso e outra causa possível é a genética”, disse.

Com relação ao número de óbitos por infarto e a quantidade crescente de pessoas na fila de espera para receber um novo coração, em Alagoas, conforme a sua avaliação, ambos os casos estão relacionados a um avanço na coleta destes dados, seja pelo maior acesso ao sistema de saúde ou uma maior clareza na hora de se identificar a causa da morte.

“O diagnóstico está melhor. O acesso à saúde vem melhorando. É óbvio que a gente tem muito a conquistar, mas o acesso vem melhorando e isso acaba impactando em mais diagnósticos. O tratamento pra cardiopatia e o as informações melhoraram muito. Isso acaba que a gente consegue diagnosticar mais, mas infelizmente a gente não tem conseguido reduzir significativamente as doenças e as mortes cardiovasculares”, avaliou.

IMPACTO NO DIA A DIA


O alagoano Italo Santos convive há 10 anos com um quadro de refluxo valvar pulmonar discreto, sendo caracterizado por um refluxo sanguíneo que vaza pela válvula pulmonar cada vez que o ventrículo direito do coração relaxa.

Apesar do seu caso ser em um grau leve, o jovem conta como a sua condição afeta o seu dia a dia, alterando atividades corriqueiras em seu trabalho. “Eu tive que me adaptar em algumas funções no trabalho, hoje eu não posso pegar peso ou fazer muito esforço, como: puxar mercadoria pesada. Então no trabalho eu só faço coisas que não exigem tanto’, contou.

Ítalo é o primeiro de sua família a ser diagnosticado com um problema do coração, não sendo uma condição relacionada a fatores genéticos. Conforme conta, o seu problema foi descoberto ainda na infância, enquanto jogava bola com os amigos e um cansaço fora do comum tomou conta de seu corpo. A partir deste dia, algumas atividades precisaram ser regradas em sua vida.

“O médico disse que não necessitava de remédio, por ser de grau leve, porém ele pediu para evitar fazer muito esforço e evitar tomar muito refrigerante ou bebidas do tipo energético por conta da aceleração dos batimentos. Cerveja pode”, brincou.

CUIDADOS COM A SAÚDE


Como explica o médico cardiologista procurado pelo portal 7Segundos, o cuidado com o coração deve ser feito por todas as pessoas, e em especial, por aquelas que já possuem algum diagnóstico relacionado a doenças.

“Uma pessoa cardiopata, se não cuida do seu coração, você pode evoluir com doenças cardíacas, que a gente chama de cardiopatia. A pessoa cardiopata, além dos sintomas de cardiopatia que podem ser sintomas limitantes como falta de ar, dor no peito, tontura, desmaio tem também as catástrofes, que são as mortes, mortes”, conta.

Além dos fatores físicos, a questão psicológica também deve ser levada em conta, pois doenças do coração podem afetar a saúde mental de um paciente em seu dia a dia, interferindo no seu bem-estar do dia a dia, deixando-a aflita, podendo decair até mesmo a sua qualidade de vida.

Levando em consideração todas as questões apresentadas nesta matéria, a maior recomendação passada pelo cardiologista, para se manter saudável e cuidar da saúde do coração não é nenhuma surpresa: uma dieta balanceada e manter-se firme nos exercícios.

“ A maior prevenção da saúde cardiovascular é o seu dia a dia. Atividade física e dieta. Essa é a maior prevenção que você pode ter. Eu costumo dizer aos meus pacientes que pra você ter uma boa saúde cardiovascular, pra você conseguir tratar sua doença, você tem que estar bem antes de tudo com você mesmo. Então você tem que rever, ouvir, rever seus pensamentos, estar bem com você mesmo. Se você está se dando bem com você mesmo, você vai buscar uma qualidade de vida melhor. E não tenha dúvida que eu atividade física, dieta regular, dieta saudável é imprescindível para isso tudo. Além disso, o acesso ao médico, se possível ao cardiologista, é importantíssimo para vigilância pra gente conseguir detectar doenças cardíacas precoces e é nessa precocidade que a gente tem muito sucesso no início do tratamento. A gente começa a tratar desta maneira. Iniciar precocemente os resultados é muito bom, respondeu.