Saúde

Dia Mundial de Conscientização do autismo: a importância de falar sobre o tema

Tratamento de qualidade, inclusão escolar e respeito da sociedade são algumas das reivindicações das famílias das pessoas dentro do espectro

Por Wanessa Santos 02/04/2024 14h02 - Atualizado em 02/04/2024 15h03
Dia Mundial de Conscientização do autismo: a importância de falar sobre o tema
Laura Menezes, autista, 8 anos - Foto: Arquivo Pessoal

2 de Abril é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, data importante para muitas famílias em todo o mundo. Essas famílias, que são conhecidas como famílias atípicas, passam por inúmeros obstáculos desde o momento em que surge a suspeita do transtorno em suas crianças, até o acesso efetivo ao tratamento de qualidade, tão importante para as vidas dessas pessoas.

O autismo é classificado como um transtorno global do desenvolvimento, que se caracteriza pela dificuldade na comunicação, interação social e pela presença de movimentos repetitivos.

Dentre as principais reivindicações que os pais, mães e cuidadores de pessoas dentro do espectro do autismo buscam estão: tratamento de qualidade, inserção nas escolas regulares com acompanhamento devido, além do respeito em ambientes diversos, visto que as pessoas com autismo possuem um padrão de comportamento específico, nem sempre compreendido pela sociedade.

No Brasil ainda não há um número exato dessa população. Entretanto, segundo dados do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, em 2022 o número de prevalência de crianças autistas é de 1 para cada 36 indivíduos, dentro da faixa etária de 8 anos, totalizando 2,8% da população norte americana. Se fizermos uma proporção equivalente a esse estudo com a população brasileira, poderíamos dizer que no Brasil há cerca de 5,95 milhões de autistas.

Vanessa Menezes é mãe da pequena Laura, hoje com 8 anos, diagnosticada com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) com apenas 1 ano e 5 neses. Ela reside na capital alagoana e conta como foi a luta pelo tratamento adequado para sua filha.

“Eu acho que a maior dificuldade, além de acessar o tratamento adequado e intensivo, que a gente hoje não tem isso disponível de maneira a abranger todas as terapias necessárias, é também conscientizar de maneira mais ampla as pessoas, não apenas hoje, dia 2 de abril, mas sim o ano todo”, diz Vanessa.

Menezes relata que o tratamento adequado foi conquistado por meio do plano de saúde, após alguns anos buscando, junto à operadora, para que sua filha tivesse acesso ao tratamento ABA (Applied Behavior Analysis), ciência que tem um dos melhores índices de sucesso na evolução das crianças com autismo. Hoje, sua filha, que apresenta nível 3 de suporte, teve ganhos significativos na autonomia, comunicação e na percepção do mundo ao seu redor e de si própria.

Em Alagoas, existem alguns centros especializados no atendimento desse público de forma gratuita, por meio do SUS. Um deles é o CUIDA - Centro Unificado de Integração e Desenvolvimento do Autista. Fabiana Lisboa, Analista do Comportamento e Neuropsicóloga, é coordenadora da APAE em Alagoas, e coordenadora do CUIDA e conta como esse espaço vem atuando em prol da população autista há 10 anos.

Segundo relata Fabiana, o CUIDA já começou atendendo cerca de 150 pacientes somente na primeira semana. Numa época em que pouco se falava de autismo, e o tratamento não era acessível para a população mais carente, o CUIDA chegou oferecendo terapias específicas, com o olhar para práticas baseadas em evidências - o que consiste, hoje em dia, na forma mais eficaz de tratamento do autismo.

Além disso, o Centro, desde a sua inauguração, oferece não apenas o atendimento para a população, como também capacitação para terapeutas e funcionários do local e diversos eventos como palestras, caminhadas e apresentações artísticas, que têm como objetivo ampliar a propagação sobre o tema, o que ajuda na conscientização da população. Lisboa explica que para ter acesso ao CUIDA é necessário realizar a solicitação na APAE, por meio do serviço social.