Justiça

‘Não consigo respirar’: veja depoimentos em júri de PM que matou em briga de trânsito

Julgamento acontece no Fórum do Barro Duro

Por Wanessa Santos 03/05/2024 12h12 - Atualizado em 03/05/2024 12h12
‘Não consigo respirar’: veja depoimentos em júri de PM que matou em briga de trânsito
Uma das testemunhas informou, em depoimento, que a vítima chegou ao HGE consciente, pedindo ajuda, pois não conseguia respira. - Foto: Ascom MPAL


Teve início, na manhã desta sexta-feira (03), o julgamento do policial aposentado Gedival Souza Silva, acusado de atirar e matar Fábio Jhonata da Silva, após uma briga de trânsito, em 2021. O crime ocorreu no Centro de Maceió, e teve grande repercussão devido a violência do ato. O júri iniciou ouvindo três testemunhas.


A primeira testemunha foi o policial militar Gomes dos Santos, que, no momento do crime, estava próximo ao local e conseguiu capturar o autor dos disparos. Em seu depoimento, ele revelou que quando chegou perto da vítima, ela ainda estava lúcida, gesticulando, sentada. Nesse momento, o policial foi informado da placa do carro do suspeito, então ele iniciou a busca pelo criminoso. “Tomamos essa decisão de tentar capturar o  autor que teria feito os disparos. Nós o abordamos. O autor parou de imediato e disse que fez uma besteira”, disse.

Segundo a testemunha, Gedival não ofereceu resistência, já descendo do veículo com as mãos para cima, sem esboçar qualquer reação. Gomes explicou, ainda, que o autor do crime contou como aconteceu a discussão entre ele e Fábio, inclusive, revelando que atirou porque achou que a vítima teria uma arma de fogo também, o que foi desmentido pela testemunha, que disse ter revistado o carro da vítima e que nenhuma arma de fogo foi encontrada.

A segunda testemunha ouvida pelo júri foi uma assistente social do Hospital Geral do Estado (HGE), que atendeu Fábio no dia do crime. Ela contou que a vítima deu entrada na área vermelha, que é a porta de entrada para traumas. A assistente social contou que Fábio chegou consciente no HGE, mas que também estava desesperado: “Ele estava pedindo socorro, dizendo ‘me ajuda, não consigo respirar’. Ele pediu o celular para falar com a esposa dele”, disse.

Logo depois a segunda testemunha revelou que a vítima foi levada para o centro cirúrgico, mas que após alguns dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), veio a falecer.

Uma terceira testemunha também prestou depoimento na manhã desta sexta-feira, durante o julgamento de Gedival Souza Silva. Trata-se de um homem, que mora no local onde ocorreu o crime, e que prestou socorro à vítima. A testemunha contou que no dia do ocorrido, após ouvir os disparos, correu até o local e encontrou a vítima de joelhos, no chão, baleado, com ferimentos nas costas. Ele revelou que, ao perceber a gravidade da situação e a inexistência de socorro na proximidades, decidiu colocar Fábio no próprio carro e levá-lo até o HGE.

O promotor de justiça Napoleão Amaral, que acompanha o julgamento, disse que o Ministério Público tem a expectativa de que o réu seja condenado, e que as duas teses de acusação sejam reconhecidas: a de que foi um homicídio duplamente qualificado e por motivo fútil, e também a da impossibilidade de defesa da vítima.

Entretanto, embora a pena prevista para esse tipo de crime seja de 12 à 30 anos, o promotor explicou que é provável que, se aceitas as teses, Gedival tenha uma pena reduzida, por se tratar de réu primário, confesso e sem antecedentes, chegando a, no máximo, 17 anos de prisão.

Após as testemunhas serem ouvidas, deverá iniciar o interrogatório do réu.