Censo 2022: apesar de avanços, AL ainda tem menor taxa de alfabetização do país
Percentual de analfabetos chega a quase 18% entre alagoanos de 15 anos ou mais
Quase 18% dos alagoanos com 15 anos ou mais não sabem ler ou escrever um bilhete simples. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (17), apontam que, apesar dos avanços na educação, Alagoas ainda é líder nacional em analfabetismo.
Entre o Censo 2010 e o Censo 2022, a proporção de alagoanos com 15 anos ou mais que eram considerados alfabetizados subiu de 75,7% para 82,3%. Trata-se do maior avanço percentual entre as unidades da federação (UFs) registrado durante o período. Apesar disso, Alagoas ainda possui a menor taxa de alfabetização em todo o país.
Enquanto em Santa Catarina, estado com maior índice de alfabetização do Brasil, apenas 2,66% da população de 15 anos ou mais não sabe ler e escrever, este percentual chega a 17,66% em Alagoas.
Os percentuais de analfabetismo crescem com a idade. Alagoanos de 65 anos ou mais representam a maior parcela dos não-alfabetizados – 45,59% da população desta faixa etária é considerada analfabeta, mais do que o dobro da média nacional (20,3%).
Na outra ponta, a população de 15 a 19 anos tem a menor taxa de analfabetismo. Em AL, 3% dos jovens dessa faixa etária não sabem ler ou escrever, o que revela uma melhora histórica no cenário de alfabetização do estado. As taxas de analfabetismo começam a se elevar significativamente a partir da população que tem 35 anos ou mais: são 14,28% analfabetos entre aqueles de 35 a 44 anos.
Existem mais de 426 mil pessoas não-alfabetizadas em todo o estado. População preta é a que possui maior taxa de analfabetismo (23,5%). Amarelos (87,6%) e brancos (85,5%) são os mais alfabetizados. Em geral, mulheres têm maior taxa de alfabetização do que homens – 83,6% contra 80,9%.
Avanço histórico
Em 1991, a taxa de não-alfabetizados era de 45,3% em Alagoas, segundo os dados do Censo. De modo geral, o país colecionava índices significantes de analfabetismo, que variavam entre 9,2% (DF) e 45% (AL). A média nacional alcançava 20% de pessoas com 15 anos ou mais que não sabiam ler ou escrever.
No Censo 2000, a taxa de analfabetismo brasileira caiu para 13,6% e a alagoana diminuiu para 33,4%. O Censo 2010 registrou mais um recuo, com proporções de analfabetos de 9,6% (BR) e 24,3% (AL). Por fim, o Censo 2022 trouxe taxas de analfabetismo ainda menores, com média nacional de 7% e média alagoana de 17,7%.
A tendência geral é de queda da proporção de pessoas que não sabem ler e escrever, a cada novo recenseamento, a partir do aumento dos índices de alfabetização da população. As regiões Norte e Nordeste ainda são as que apresentam, historicamente, as maiores taxas de analfabetismo.
População indígena
Em Alagoas, a taxa de alfabetização da população indígena é de 78,54%. Mulheres indígenas possuem um percentual maior e têm percentual de 80% de alfabetizadas.
Neste recorte, AL não é líder em analfabetismo. Apesar de ter 21,46% de indígenas analfabetos, o estado ainda possui indicadores melhores do que RN (21,5%), PI (22,38%), AC (24%) e MA (27,44%). A média nacional de indígenas não-alfabetizados é de 15%.
Quem é considerado analfabeto
O IBGE considera analfabeta a pessoa que nunca aprendeu a ler ou escrever e também aquela que sabe apenas assinar o próprio nome, mas não consegue fazer a escrita ou leitura de um bilhete simples ou uma lista de compras. Também é entendida como analfabeta a pessoa que chegou a aprender a ler e escrever, mas esqueceu essas habilidades, por conta de um processo de alfabetização precário.
É considerado alfabetizado, independentemente de ter frequentado a escola, aquela pessoa que sabe ler e escrever ao menos bilhete simples ou lista de compras, no idioma que conhece. Também são tidos como alfabetizados aqueles que fazem uso do sistema braile (escrita para pessoas cegas ou com baixa visão) ou aqueles que tinham essa habilidade durante a vida, mas se tornaram fisicamente ou mentalmente incapacitados posteriormente.