HGE atendeu 117 pacientes vítimas de queimaduras nos primeiros cinco meses de 2024
Dados foram divulgados nesta quarta-feira (5) pela Sesau e servem de alerta para os alagoanos neste período junino
Referência no atendimento a queimados, o Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, atendeu 117 pacientes lesionados por queimaduras no período de janeiro a maio deste ano. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (5) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), a quem a unidade é vinculada, e servem de alerta para os alagoanos neste período do ano, uma vez que, durante os festejos juninos, em razão dos fogos de artifício e das fogueiras, aumentam os riscos de acidentes desta natureza.
A título de comparação, no mesmo período do ano passado, o HGE assistiu 140 pacientes vítimas de queimaduras. Em todo o ano de 2023 foram 354 casos assistidos pela maior unidade de urgência e emergência da Sesau, que conta com uma unidade exclusiva para o tratamento multidisciplinar dos casos de Média e Alta Complexidade.
Dos casos que chegaram ao HGE nos cinco primeiros meses deste ano, 90 precisaram ficar internados e 93 passaram pelo Ambulatório do Centro de Tratamento de Queimados. Neste mesmo período, em 2023, o CTQ registrou 86 pacientes internados e 85 atendidos ambulatorialmente. A maioria dos casos envolvem crianças de 0 a 10 anos, do sexo masculino, residente em Maceió.
“A queimadura por líquido superaquecido lidera entre as motivações mais frequentes. Elas ocorrem, na maioria das vezes, ao ferver os alimentos, como o leite, o café, o feijão, ou até a água para ingestão ou banho. Por isso, recomendamos pôr os cabos das panelas para dentro do fogão e manter esses produtos longe do alcance de crianças. O risco de acidente é grande e pode trazer consequências muito dolorosas”, alertou o cirurgião plástico do HGE, Fernando Gomes, ao lembrar que esta quinta-feira (6) é dedicada ao Dia Nacional de Luta contra Queimaduras.
Dos 227 casos internados no CTQ em 2023, 95 foram por líquidos superaquecidos, 43 por chama direta, 39 por álcool líquido, 21 por choque elétrico, 16 por sólido superaquecido, quatro por explosivos, dois por raios solares, dois por substâncias químicas, uma por fogos de artifício, uma pelo vapor e três com motivações não reveladas. Este ano, de janeiro a maio, 36 foram admitidos por líquido superaquecido, 21 por chama direta, 14 por choque elétrico, 10 por álcool líquido, seis por sólido superaquecido, um por explosivo, um por fogos de artifício e mais um por fulguração.
Constatação
A empresária Amanda Silva, de 30 anos, está com seu filho de seis anos internado no CTQ. O danado escondeu bombinhas na cueca para soltar com o irmão, de dez anos, quando os pais saíssem de casa para trabalhar. O que ele não contava é que o atrito entre os materiais iria causar a inflamação, que resultou em queimaduras de segundo grau na região genital e no púbis, além do susto inesperado de seus pais.
“Eu só o vi correndo, pedindo ajuda, não estava entendendo até ver a fumaça saindo do seu calção. Tirei a roupa dele e foi tudo rápido. A primeira reação que tive foi jogar água gelada. Pedi ajuda ao meu esposo e o levamos para o hospital da cidade. Quando chegamos lá, eles viram logo que precisava vir ao HGE. Foi transferido e aqui estamos desde o dia 14 de maio, sendo todo dia assistido pela equipe do CTQ, na expectativa de voltarmos logo para casa”, disse Amanda, que mora com a família no município de Capela.
O cirurgião plástico do HGE, Fernando Gomes, lembra que jogar água gelada, aplicar pasta de dente, pó de café e manteiga são atitudes erradas e que podem agravar a lesão na pele. A orientação é expor a região afetada a água corrente por pelo menos dez minutos. Logo após isso, o ferido pode ser levado ao hospital mais próximo, seja por carro particular ou com ajuda do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
“Essa atitude irá nos ajudar muito no tratamento e na diminuição do risco de sequelas. O tratamento de um queimado é doloroso, por vezes necessitando de intervenções cirúrgicas para realização de desbridamento e aplicação de enxerto, por exemplo. Além do afastamento da rotina, dos banhos sob analgesia, dos curativos com coberturas especiais, do uso de antibióticos, da ociosidade e do risco de desenvolver limitações e algum tipo de trauma psicológico”, advertiu o cirurgião plástico do HGE.
Alerta
Vale reforçar que os fogos de artifício não são indicados para o manuseio das crianças. O que parece uma simples brincadeira pode acarretar desde queimaduras de segundo grau até amputações de membros. O perigo também acontece com as fogueiras, muitas vezes acesas em locais de grande movimentação, o que pode ser o suficiente para o contato direto com as brasas e a queima de materiais inflamáveis.
“Eu vi o sofrimento do meu filho e estou presenciando o quanto a sua recuperação é lenta e dolorosa. O coração da gente fica na mão! Por mais que ele esteja sendo bem tratado aqui, eu não quero mais nunca passar por isso e nem desejo algo assim a ninguém. É muito tenso, triste, preocupante. É totalmente evitável se todos nós eliminarmos os riscos de se queimar”, acrescentou Amanda, que é proprietária de um “churrasquinho” em Capela e São Miguel dos Campos.