Brasil

Polícia investiga racismo de PMs que abordaram filhos de diplomatas

Itamaraty entregou pedido formal de desculpas

Por G1 06/07/2024 10h10
Polícia investiga racismo de PMs que abordaram filhos de diplomatas
PMs abordam jovens filhos de diplomatas no Leblon - Foto: Reprodução

Os dois policiais militares que abordaram filhos de diplomatas em Ipanema, na Zona Sul do Rio, são investigados por injúria racial. Tanto a Delegacia de Apoio ao Turismo (Deat) quanto a de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) investigam o caso, que aconteceu na noite de quarta (3).

Um dos jovens, de 14 anos, é filho de uma assistente do embaixador do Canadá no Brasil. Ele e outros 4 jovens, sendo dois brasileiros brancos e dois filhos dos embaixadores do Gabão e de Burkina Faso, ambos negros, estavam caminhando pela rua Prudente de Moraes, em Ipanema, quando foram abordados com armas em punho pelos agentes.

O adolescente brasileiro, que é branco, disse que houve mais truculência com os amigos negros. Segundo ele, um dos jovens chegou a se machucar por causa da forma que foi prensado na parede. Ele notou que, por ser branco, não foi tratado com a mesma intensidade.

“Muito mais tensão vindo para eles, com muito mais agressividade, os encostando na parede, levantando o braço, do que comigo”, afirmou o adolescente.

Além disso, eles dizem que somente um jovem, que é branco, não foi revistado.

Câmeras de segurança registraram o momento (veja acima). A viatura da PM atravessou as pistas e dois policiais desembarcaram com as armas em punho.

Os dois agentes envolvidos foram identificados e são lotados na Unidade de Polícia Pacificadora do Vidigal, que também fica na Zona Sul.

A Polícia Civil pediu as imagens das câmeras que estavam nas fardas para analisar. O porteiro, que viu a situação de perto, disse à polícia que não ouviu ofensas racistas, mas que a abordagem foi "enérgica" e que "os meninos ficaram nervosos".

"Eu não tava preparado pro policial. Eu tava mais preparado pra ser roubado pelos bandidos, coisa assim", contou o jovem canadense.

O comandante da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, afirmou que um procedimento apuratório foi aberto para esclarecer o caso e que a PM vai colaborar com a investigação da Polícia Civil.

Itamaraty


O caso é acompanhado pelo Itamaraty, que se reuniu com as famílias na manhã desta sexta. Por meio de nota, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que recebeu os embaixadores do Gabão e Burkina Faso em Brasília para falar sobre a abordagem.

"Na reunião, foi entregue em mãos dos Embaixadores estrangeiros nota verbal com um pedido formal de desculpas pelo lado brasileiro, e o anúncio de que o Ministério de Relações Exteriores acionará o Governo do Estado do Rio de Janeiro, solicitando apuração rigorosa e responsabilização adequada dos policiais envolvidos na abordagem", afirmou um trecho do comunicado do Itamaraty.

Ainda de acordo com a pasta, nota semelhante será entregue para o embaixador do Canadá.