Cigarros eletrônicos camuflados são uma ameaça à saúde pública, alerta pneumologista do HGE
Luiz Cláudio Bastos explica os perigos dos vapes e as suas consequências maléficas ao bem-estar dos usuários
Os cigarros eletrônicos são uma ameaça à saúde pública. Eles são a tentativa de glamourizar o tabagismo, que, anualmente, é o motivo de óbito de mais de 8 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Desse modo, o pneumologista do Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, Luiz Cláudio Bastos, destaca, nesta quinta-feira (29), Dia Nacional de Combate ao Fumo, que a prioridade deve ser a valorização da vida, com a adoção de hábitos saudáveis.
A insuficiente fiscalização combativa no Brasil permite que as pessoas tenham acesso ao produto, ainda que sua comercialização seja proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
De acordo com o instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (IPEC), essa lacuna já proporcionou o aumento no número de usuários dos vapes (tipos de cigarros eletrônicos), que de 500 mil em 2018 saltou para 2,2 milhões em 2022.
“A clandestinidade tem permitido o acesso de adolescentes, embalados pela ilusão de que o uso gera uma imagem de uma pessoa descolada, moderna, popular. Isso se deve às inúmeras versões que oferecem diferentes cheiros e possibilidades tecnológicas. Recursos que mascaram as centenas de substâncias tóxicas e cancerígenas presentes nos mais variados refis que também são vendidos pela Internet”, alertou o médico do HGE.

A OMS estima que a indústria do tabaco é responsável por 12% dos óbitos no mundo e está relacionada a mais de 60 tipos de doenças. A nicotina, que se apresenta sob a forma líquida, tem forte poder aditivo, ao lado de solventes (propileno glicol ou glicerol), água, flavorizantes (cerca de 16 mil tipos), aromatizantes e substâncias destinadas a produzir um vapor mais suave, para facilitar a tragada e a absorção pelo trato respiratório.
Conforme nota oficial divulgada no último dia 19 pela Associação Médica Brasileira (AMB), juntamente com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e entidades signatárias, o uso de cigarros eletrônicos tem sido ainda relacionado a problemas respiratórios como asma. Ele também contribui para o aumento da rigidez arterial, caracterizando-se assim como um risco cardíaco similar ao do uso diário de cigarros convencionais.
“Esse produto é tão nocivo à saúde que já provocou até o surgimento de um novo problema, como a Doença Pulmonar Associada aos Produtos de Cigarro Eletrônico ou Vaping, Evali. Ele causa fibrose e outras alterações pulmonares, podendo levar o usuário à UTI [Unidade de Terapia Intensiva], ou mesmo à morte, em decorrência de insuficiência respiratória”, ressaltou o pneumologista do HGE.
Conscientização
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), por meio do Programa Estadual de Controle do Tabagismo, tem realizado ações de combate aos cigarros eletrônicos. Entre estas mobilizações está a conscientização de estudantes sobre os perigos na própria escola, em uma tentativa de desconstruir a sedução produzida pelos fabricantes para o consumo desses dispositivos nada saudáveis.
“Trabalhamos com a prevenção, pois é fundamental evitar que os mais jovens deem o primeiro trago. Afinal, pessoas que têm o tabagismo como vício possuem muita dificuldade para deixá-lo. Por isso, é fundamental que os alunos tenham informações confiáveis sobre o perigo do tabaco e do cigarro eletrônico o quanto antes”, afirmou a coordenadora do Programa Estadual de Controle do Tabagismo, a assistente social Eunice Canuto.
O Brasil é reconhecido internacionalmente por suas políticas eficazes de controle do tabaco, tendo implementado, em julho de 2019, todas as medidas do MPOWER. Ela é uma ferramenta proposta pela OMS para que os governos reduzam o consumo de tabaco e protejam a população das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs).
“Caso esse vício não seja eliminado o quanto antes, é importante considerar que, no futuro, o Sistema Único de Saúde [SUS] possa enfrentar um relevante aumento nos custos, devido ao tratamento de mais pessoas com doenças consequentes dos cigarros eletrônicos, muitas delas podendo ser irreversíveis. Por isso, toda a classe científica defende que a prioridade deve ser a proteção da saúde pública de todos os cidadãos, eliminando qualquer forma de tabagismo”, cravou Luiz Cláudio Bastos.
Núcleos de Atenção ao Fumante
Os fumantes que desejam parar com o vício de fumar, podem buscar ajuda por meio do Programa Estadual de Controle do Tabagismo da Sesau, que presta cooperação técnica e apoio aos municípios. Em Alagoas, a iniciativa possui Núcleos de Atenção ao Fumante, implantados nos municípios de Arapiraca, Coruripe, Campo Alegre, Craíbas, Jacaré dos Homens, Junqueiro, Igaci, Palmeira dos Índios, Pão de Açúcar, Pilar, Piranhas e Teotônio Vilela.
Na capital, existem Núcleos de Atenção ao Fumante no II Centro de Saúde Dr. Diógenes Jucá, localizado na Praça da Maravilha, no Poço; no Hospital Universitário (HU); na Unidade de Saúde João Paulo II, no bairro do Jacintinho. Há ainda o Núcleo de Atenção ao Fumante que fica na sede da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Maceió, para atendimento ao servidor; e na Clínica da Família José Aprígio Vilela, no Benedito Bentes.
“O início do processo para deixar de fumar é difícil, mas não é impossível. Com ajuda profissional, podendo incluir o psicólogo e o psiquiatra, pode-se encontrar alternativas eficazes. Tudo parte da decisão em querer eliminar o vício. Ocupar a mente com atividades físicas, ocupar as mãos com o trabalho, tomar muita água, consumir ainda mais frutas e verduras e eliminar gatilhos fazem toda a diferença”, aconselhou o especialista do HGE.
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