Dólar retoma ritmo de alta e fecha a R$ 5,53 na expectativa por dados de inflação
Economistas consultados pelo Banco Central passaram a ver a Selic em um patamar mais alto ao fim deste ano, em 11,50%, de 11,25%
O dólar à vista (USDBRL) ganhou força nesta segunda-feira (23), com os investidores em compasso de espera por dados de inflação no Brasil e nos Estados Unidos.
Na comparação com o real, a moeda norte-americana encerrou as negociações a R$ 5,5353 (+0,26%).
O desempenho acompanhou a tendência vista no exterior. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, fechou em alta de 0,15%.
O que mexeu com o dólar hoje?
O dólar avançou nesta segunda-feira (23) com os investidores em compasso de espera por dados de inflação no Brasil e nos Estados.
A moeda norte-americana operou em ritmo de recuperação de perdas. Na semana passada, a divisa chegou a ser cotada a R$ 5,42, na menor cotação em um mês, com as decisões de política monetária.
Na última quarta-feira (18), o Banco Central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, deu início de um ciclo de afrouxamento monetário com um corte de 50 ponto-base nos juros, a 4,75% a 5,00% ao ano. Por aqui, o Banco Central elevou a Selic em 25 pontos-base, a 10,75% ao ano.
O diferencial de juros entre Brasil e EUA, que deve aumentar ainda mais nos próximos meses com as próximas decisões de política monetária, torna a moeda brasileira mais atrativa para investidores estrangeiros, que a utilizam em operações de “carry trade“.
Mais cedo, economistas consultados pelo Banco Central passaram a ver a Selic em um patamar mais alto ao fim deste ano, em 11,50%, de 11,25% na semana anterior, segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (23). A expectativa é de que haja alta de 50 pontos-base na próxima reunião do Copom.
As projeções para inflação também aumentaram pela décima semana consecutiva.
Além disso, o mercado concentrou as atenções no fiscal.
O governo federal anunciou bloqueio orçamentário adicional de R$ 2,1 bilhões, mas houve reversão dos R$ 3,8 bilhões contingenciados em julho, segundo o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas do 4º bimestre, divulgado no final da tarde da última sexta-feira (20).
Assim, houve uma diminuição de R$ 1,7 bilhões na contenção de despesas, que passou de R$ 15,0 bilhões para R$ 13,3 bilhões.
O mercado considerava novo bloqueio de R$ 5 bilhões, levando contenção de despesas para R$ 20 bilhões.
Em entrevista coletiva, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que há incômodo na equipe econômica do governo em relação a uma “irracionalidade” na percepção de agentes econômicos sobre a gestão fiscal, citando “especulação mal feita” em meio a críticas de analistas sobre saídas criativas para contornar restrições das regras fiscais.
Segundo ele, o governo fez ajustes em suas projeções de forma a garantir que as contas de 2024 sejam fechadas “sem nenhum tipo de criatividade ou artifício” fora das regras fiscais.
Ao longo da semana, os investidores acompanham o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15).
Já na agenda internacional, a semana também será recheada de dados, como o Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) — referência de inflação para o Fed — e a prévia do PIB dos Estados Unidos.
*Com informações de Reuters