Maduro cometeu diversos crimes contra a humanidade em eleições na Venezuela, diz ONU
Entidade apontou crimes como privação de liberdade, tortura e violência sexual
Um relatório feito pela missão da ONU (Organização das Nações Unidas) na Venezuela e divulgado nesta terça-feira (15) aponta que o governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, cometeu diversos crimes contra a humanidade durante as eleições de 2024. Foram citadas ocorrências de privação de liberdade, tortura e violência sexual contra opositores.
Segundo o documento, houveram ao menos 25 mortes em protestos nos primeiros dias após os resultados da eleição. Duas vítimas eram crianças. Cerca de oito pessoas foram mortas por armas de fogo, executadas por membros das forças de segurança do país e civis apoiadores do governo.
Foram informadas milhares de prisões de líderes políticos e ativistas da oposição depois que Maduro foi anunciado como presidente. A missão da ONU relata que, “após os resultados, as autoridades iniciaram uma campanha sem precedentes de detenções indiscriminadas em massa”. Nesse período, a missão foi informada sobre 158 crianças que foram detidas em protestos e acusadas de terrorismo pelo país.
A ONU investigou que, na maioria dos casos, os venezuelanos presos eram acusados de terrorismo ou traição ao Estado. Essas acusações eram feitas sem investigação prévia ou provas estabelecidas para justificar a detenção. Além disso, as prisões aconteciam sem que houvessem mandados e não era informado ao detento o motivo da prisão, segundo a organização.
Ainda de acordo com o documento, houveram diversos casos de tratamento “desumano” e “cruel” com detentos em custódia das forças de segurança venezuelanas. Também foram relatadas ocorrências de importunação e assédio sexual, negação de direitos reprodutivos e outras violações contra mulheres, o que caracteriza violência de gênero.
A missão da ONU apontou que “algumas das sérias violações aos direitos humanos investigadas durante o período relatado representam uma continuação da mesma conduta apresentada em relatórios anteriores” e conclui que “as violações equivalem ao crime de perseguição política”.