Religião

"Não há nada na minha trajetória que seja criminosa”, diz padre suspeito de desviar R$ 3 milhões

Segundo denúncia da Arquidiocese, o valor deveria ter sido aplicado em pelo menos dez projetos sociais

Por 7segundos com assessoria 27/05/2025 17h05 - Atualizado em 27/05/2025 18h06
'Não há nada na minha trajetória que seja criminosa”, diz padre suspeito de desviar R$ 3 milhões
Padre Walfran celebrando missa - Foto: Ascom

Com 26 anos dedicados à vida religiosa na Arquidiocese de Maceió, o cônego Walfran Fonseca dos Santos se diz surpreso com a acusação de que teria desviado R$ 3 milhões em recursos destinados a projetos sociais. Tesoureiro da Fundação Recriar — entidade ligada à Rede Cristã de Acolhimento e Recuperação do Dependente Químico em Alagoas —, o padre é um dos alvos de uma ação judicial movida pela própria Arquidiocese.

“Trabalhei incansavelmente em causas sociais”, declarou o religioso, destacando sua atuação em diversas frentes da Igreja e da assistência social. Entre os cargos que ocupou, estão a presidência da Casa para Velhice Luiza de Marillac, a direção do SAS Juvenópolis e da Fundação Leobino e Adelaide Motta, além de ter sido professor do Seminário Arquidiocesano e vigário episcopal.

Segundo o cônego, todas as suas atividades foram devidamente registradas e auditadas. “Sempre conduzi minha vida com ética, trabalho e dedicação ao estudo”, afirma. Ele sustenta que jamais deixou de prestar contas dos convênios sob sua responsabilidade e apresentou documentação que comprovaria a regularidade dos registros no Sistema Federal de Operação dos Convênios (SINCOV), utilizado para gerenciar transferências voluntárias de recursos públicos.

“Consulta realizada em 27 de maio deste ano aponta que todas as prestações de contas estão regulares”, afirma o cônego, reforçando que não há qualquer indício de irregularidade em sua atuação. “Todos os convênios que estiveram sob meu crivo foram submetidos ao Sistema Federal de Operação dos convênios (SINCOV), obrigatório na gestão de verbas discricionárias através do transfereregov.br”, destaca o religioso, informando que consulta realizada em 27 de maio deste ano constatou a regularidade de todas as prestações de contas efetuadas.

A denúncia, no entanto, vem da própria Arquidiocese de Maceió, que ingressou com uma ação na Justiça para cobrar explicações da Fundação Recriar sobre a destinação de aproximadamente R$ 3 milhões. Os valores teriam sido repassados para execução de pelo menos dez projetos sociais voltados ao acolhimento de dependentes químicos e pessoas em situação de rua.

Na petição, o arcebispo Dom Beto Breis solicita que o padre Walfran, como tesoureiro, e Ronnie Rayner Teixeira Mota, conselheiro fiscal da fundação, sejam intimados a apresentar relatórios detalhados sobre o uso dos recursos. A Arquidiocese afirma haver dúvidas sobre a execução efetiva das ações previstas nos projetos.

Walfran, que tem formação em Filosofia pela Universidade Gregoriana de Roma e atuou como pároco da Paróquia Santo Antônio de Pádua por quase 20 anos, insiste em sua inocência: “Isso comprova que não há nenhuma falta por minha parte de prestação de contas e muito menos desvio de qualquer verba direcionada a projetos sociais da nossa arquidiocese.”