Justiça

Serial killer nega crime que já havia confessado e debocha no júri: 'Nem lá e nem cá'

Desta vez, ele negou o crime que vitimou Ana Clara, apesar de ter confessado o homicídio em fases anteriores do processo

Por Wanessa Santos 31/07/2025 10h10 - Atualizado em 31/07/2025 11h11
Serial killer nega crime que já havia confessado e debocha no júri: 'Nem lá e nem cá'
Advogado de 'Serial Killer alagoano" proíbe imagens do réu no 3º julgamento - Foto: Assessoria MPAL

Durante o terceiro julgamento de Albino Santos de Lima, acusado pela morte da adolescente Ana Clara Santos Lima, de 13 anos, o réu prestou depoimento nesta quinta-feira (31) no Fórum da Capital. Albino está preso desde 27 de novembro de 2024 e já acumula duas condenações anteriores, que somam mais de 61 anos de prisão. Desta vez, ele negou o crime que vitimou Ana Clara, apesar de ter confessado o homicídio em fases anteriores do processo.

No momento mais tenso do interrogatório, o promotor de Justiça Claudemir Vilas Boas questionou diretamente o réu: “Seu Albino, o senhor já matou quantas vítimas?” A resposta foi: “Duas.” O promotor, então, lembrou que, em um júri anterior, o próprio Albino havia afirmado ter matado mais de 20 pessoas. Diante da contradição, o promotor insistiu: “O senhor está mentindo aqui ou mentiu no júri anterior?” Em tom que soou como deboche, o réu respondeu: “Nem lá e nem cá.”

Ao ser questionado pelo juiz sobre seu estado de saúde, Albino afirmou que está “muito bem”, embora tenha feito uma crítica ao atendimento que recebe. “Estou tendo acompanhamento médico, mas não o adequado, como o atendimento particular. Que é muito diferente do que tenho lá”, disse, referindo-se ao sistema prisional.

Indagado sobre sua profissão, respondeu em tom de correção: “Exercia não, exerço, excelência. Apenas estou afastado. Sou agente penitenciário, do GAP, apenas afastado por problema de saúde, pois sofri acidente de moto.”


O júri precisou ser interrompido por alguns minutos depois que o advogado de defesa, Geoberto Bernardo de Lima, saiu da sala sem avisar o juiz ou o Ministério Público. A ausência gerou confusão e levou à suspensão momentânea da sessão.

Ao ser confrontado com os exames balísticos que comprovaram a relação entre sua arma e os assassinatos, Albino rebateu com desconfiança: “Excelência, nem tudo o que a perícia faz é a verdade.”

Apesar de negar envolvimento com o assassinato de Ana Clara, o réu afirmou não conhecer a menina. No entanto, chamou a atenção o fato de que ele morava em frente ao local onde a mãe da vítima trabalha e costumava ver Ana Clara acompanhando a mãe no dia a dia.

O julgamento segue sob a condução do juiz Yulli Roter, da 7ª Vara Criminal. Albino responde por homicídio triplamente qualificado: por motivo torpe, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e feminicídio.