Polícia

Golpe: como era o esquema que lesou app de corrida em R$ 115 mil com viagens fraudulentas

A Operação Rota Falsa, deflagrada nesta quarta-feira (13), cumpre 5 mandados de busca e apreensão contra 2 suspeitos: Pedro Pascoli Plata Souza e Yasmim Gusmão Soares

Por G1 13/08/2025 13h01 - Atualizado em 13/08/2025 15h03
Golpe: como era o esquema que lesou app de corrida em R$ 115 mil com viagens fraudulentas
Fotos manipuladas usadas para burlar o aplicativo - Foto: Reprodução/TV Globo

A Polícia Civil do RJ investiga um esquema que usou inteligência artificial para burlar um conhecido aplicativo de corridas e gerar um prejuízo de cerca de R$ 115 mil à empresa.

A Operação Rota Falsa, deflagrada nesta quarta-feira (13), cumpre 5 mandados de busca e apreensão contra 2 suspeitos: Pedro Pascoli Plata Souza e Yasmim Gusmão Soares. Ela foi conduzida para a Cidade da Polícia para prestar esclarecimentos.

Como o golpe era aplicado

De acordo com a Delegacia de Defraudações, a dupla criou perfis falsos de motoristas e passageiros para fraudar corridas. Foram identificados 1.922 pedidos de viagens no Pix.

O mecanismo funcionava assim:


O “passageiro” solicitava uma viagem e realizava o pagamento inicial pelo Pix, como em qualquer corrida regular.
Após a confirmação, o trajeto era alterado com a inclusão de múltiplas paradas, elevando bastante o valor final.
Esse valor extra não era quitado, mas a Uber arcava com o total e repassava o pagamento integral ao “motorista” fraudulento.

Muitas contas de passageiros eram abandonadas após acumular débitos.
A polícia considera a hipótese de essas viagens nem sequer terem sido realizadas.
Das corridas suspeitas, 1.125 foram canceladas, mas ainda assim geraram prejuízo pelo mesmo artifício, porque o motorista recebia uma parte. As 797 concluídas partiram de 484 contas de usuários, sendo 478 criadas no endereço residencial de Pedro Pascoli.

Perfis falsos e uso de inteligência artificial

Segundo a investigação, 73 perfis de motoristas participaram do esquema. Todas as contas bancárias associadas estavam em nome de Yasmim Gusmão.

A polícia apurou que 69 desses perfis usaram imagens manipuladas com IA para passar no sistema de verificação da Uber — sobrepondo fotos de outras pessoas ao rosto de um homem com tatuagens semelhantes às de Pascoli.

Além disso, foram encontradas outras 85 contas de motoristas com dados bancários ligados a Pascoli, reforçando a suspeita de que ele seria o articulador principal.

Denúncia partiu da própria Uber

A fraude foi descoberta pela Uber, que notificou a polícia em dezembro após identificar as movimentações suspeitas. A empresa informou ter registrado um prejuízo total de R$ 114.908,31 apenas neste caso.

A investigação agora busca identificar possíveis comparsas e dimensionar se o golpe também foi aplicado em outras cidades ou plataformas.

O que diz a Uber

A Uber esclarece que os mecanismos antifraude da plataforma detectaram os casos relatados, o que fez com que a empresa realizasse a denúncia para as autoridades competentes. Desde então, a Uber vem colaborando de forma ativa com a polícia para a identificação dos suspeitos, sempre respeitando os termos da lei.

Nossas equipes de detecção de fraudes usam análises manuais e sistemas automatizados de aprendizado que analisam mais de 600 tipos de sinais diferentes à procura de comportamentos fraudulentos. Estamos permanentemente implementando novos processos e tecnologias para evitar fraudes e aprimorarmos o treinamento dos nossos agentes, enquanto seguimos trabalhando para ficar à frente dos golpes mais recentes.