Justiça

Advogada é condenada a 28 anos por encomendar morte de colega em 2014

De acordo com o Ministério Público de Alagoas (MPAL), o crime teria sido motivado por vingança

Por 7Segundos 15/08/2025 09h09 - Atualizado em 15/08/2025 09h09
Advogada é condenada a 28 anos por encomendar morte de colega em 2014
Marcos André de Deus Félix foi morto em atentado encomendo por advogada gaúcha Janadaris Sfredoda - Foto: Divulgação

A advogada Janadaris Sfredo foi condenada nessa sexta-feira (15) a 28 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, pelo crime de homicídio contra o advogado Marcos André de Deus Félix, ocorrido em 2014, na Praia do Francês, em Marechal Deodoro.

De acordo com o Ministério Público de Alagoas (MPAL), o crime teria sido motivado por vingança. Marcos André foi vítima de uma emboscada e, antes de morrer, apontou Janadaris como a responsável pelo atentado. 

O julgamento, realizado no Fórum Jairo Maia Fernandes, em Maceió, começou na manhã de quinta-feira (14) e durou cerca de 19 horas. O processo foi desaforado, e ao todo, nove testemunhas foram ouvidas. 

Durante a audiência uma das testemunhas, o advogado Antônio Carlos, que trabalhou com Marcos André em uma usina, relatou que na época em que a vítima esteve internada após o atentado, o visitou no Hospital Geral do Estado (HGE) e que, devido à gravidade do quadro, ele escreveu em uma prancheta o nome da acusada. "Comecei a falar com ele coisas triviais, dizendo que ficasse bem, tivesse fé, que os amigos estavam torcendo e orando por ele. Como o estado dele era delicado e exigia repouso, para não forçá-lo muito a falar, deram uma prancheta ao Marcos e ele escreveu que Janadaris era a responsável por tudo, além de mencionar os 50 mil. Fui inocente me desfazendo do papel, pois achava que ele resistiria”, disse.

Familiares da vítima acompanharam o julgamento de Janadaris Sfredo / Foto: ASCOM MPAL


A acusação foi conduzida pelo promotor de Justiça Coaracy Fonseca, com assistência dos advogados Roberto Moura, Júlia Figueiredo e André Argolo. “Um júri difícil e que exigiu muito de nós. A defesa, sem qualquer favorecimento, tentou suas estratégias para inocentar a cliente, mas tínhamos um processo robustecido com provas indiscutíveis contra ela. O Ministério Público conclui o júri certo de que cumpriu com o seu papel. Após mais de uma década de espera, a ré vai pagar pelo crime por ela arquitetado e o coração de cada familiar da vítima se sentirá mais aliviado. Hoje não encerramos, apenas, mais um caso. Hoje colocamos um ponto final numa triste e dolorida história”, declarou o promotor.

Durante o julgamento, familiares de Marcos André acompanharam o processo usando camisas pretas e brancas com pedidos de justiça. A irmã da vítima, Manuel de Deus Félix, chegou a passar mal no Salão do Júri. “Meu irmão não voltará, mas hoje nos enchemos de fé e acreditamos em nosso Deus que ele será condenada. Pelo menos vai amenizar essa dor que se estendeu por onze anos e desequilibrou emocionalmente todos da família”, afirmou.

Um dos momentos mais tensos do julgamento foi quando o marido da acusada foi retirado do Tribunal após gritar e desobedecer o juíz Geraldo Amorim, que conduziu o caso.

Ao final da sessão, os advogados assistentes de acusação emitiram nota defendendo a exclusão de Janadaris dos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Alagoas.

“Os advogados representantes da assistência de acusação recebem com satisfação o veredito proferido na data de hoje pelo Egrégio Tribunal do Júri, que culminou na condenação de Janadaris Sfredo à pena de 28 anos de reclusão. Instamos a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Alagoas a proceder com a imediata exclusão de Janadaris Sfredo de seus quadros, em face da prática de crime infamante e da manifesta inidoneidade moral incompatível com o exercício da nobre profissão. Este veredito representa um marco fundamental no combate aos crimes de mando em nosso Estado, reafirmando que Alagoas não tolerará a banalização da vida humana, especialmente quando ceifada no exercício regular da advocacia. Que a memória do Dr. Marcos André seja honrada por esta decisão, e que sua família encontre, neste ato de justiça, algum conforto diante da irreparável perda”, diz o texto, assinado por André Argolo, Júlia Figueiredo e Roberto Moura.