Saúde

Brasil tem 59 casos de intoxicação por metanol; Ministério da Saúde aumenta estoque de etanol farmacêutico

Ministério da Saúde instalou uma 'sala de situação' para monitorar os casos crescentes de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica.

Por G1 02/10/2025 18h06 - Atualizado em 02/10/2025 18h06
Brasil tem 59 casos de intoxicação por metanol; Ministério da Saúde aumenta estoque de etanol farmacêutico
Ministro Alexandre Padilha nesta quinta-feira (2) - Foto: : TV Globo

O Brasil registra 59 notificações relacionadas à intoxicação por metanol até a tarde desta quinta-feira (2), segundo informou o ministro da Saúde Alexandre Padilha durante coletiva de imprensa. Dessas 59, 11 já têm a detecção laboratorial da presença do metanol.

Em relação aos estados dos registros, o ministro informou que:

53 são de São Paulo;
5 são de Pernambuco;
1 é do Distrito Federal.

Padilha ainda informou também que foi estabelecido um estoque de etanol farmacêutico nos hospitais universitários federais e a compra de 4.300 ampolas para que elas estejam disponíveis para qualquer centro de referência ou unidade de saúde que não tenha.

"Já temos um estoque desse produto, e estamos ampliando. Vamos chegar na compra de mais 4.300 ampolas, que estarão disponíveis a qualquer estado, qualquer centro de referência, qualquer unidade de saúde que não tenha esse etanol farmacêutico. Vários estados compram esse produto e já têm esse produto disponível. Eventualmente, estados, secretarias estaduais e municipais que não tiverem, elas podem acionar esses estoques que estão concentrados nos hospitais universitários e a gente pode deslocar isso de imediato", afirmou.

🔍 O metanol é um álcool usado industrialmente em solventes e outros produtos químicos, é altamente perigoso quando ingerido. Inicialmente, ataca o fígado, que o transforma em substâncias tóxicas que comprometem a medula, o cérebro e o nervo óptico, podendo causar cegueira, coma e até morte. Também pode provocar insuficiência pulmonar e renal.

🔍O etanol farmacêutico age como antídoto, pois impede que o metanol seja convertido em ácido fórmico, uma substância ainda mais perigosa.

O ministro também afirmou que está sendo feita uma orientação para os gestores municipais e estaduais de como acessar o etanol farmacêutico. Além disso, disse que a Anvisa mapeou no Brasil 604 farmácias que já o produzem.

"Nós vamos passar esses dados também para os gestores estaduais e municipais para que eles possam adquirir caso seja necessário", afirmou.

"Dessas 604 farmácias, a Anvisa vai estabelecer uma, duas ou três de grande referência em todas as capitais dos estados da federação. Estabelecer farmácias que tenham capacidade de uma resposta mais rápida ao pedido de gestores municipais e estaduais".

Padilha ressaltou que, em casos suspeitos de intoxicação por metanol, o etanol farmacêutico deve ser utilizado rapidamente.

"Se for mais rápido, o efeito vai ser maior porque ele compete com o metanol no processo de metabolização. Com isso, ele reduziria os efeitos. A utilização dele pode não só evitar a morte, mas também evitar sequelas e agravos", disse.

"O profissional de saúde é obrigado a perguntar para aquela pessoa o que ela acha que ingeriu. Se foi em uma festa a gente identifica e vai identificar quem forneceu a bebida para aquela festa, se alguém que comprou numa festa menor. Isso permite o rastreamento de onde vem aquela bebida", afirmou Padilha.

Ele também falou sobre o fomepizol, que é um medicamento utilizado como antídoto nos casos de intoxicação por metanol, etilenoglicol e dietelinoglicol.

Contudo, ainda não está disponível no Brasil, e precisa ser importado, embora conste na lista de antídotos dos medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde (OMS).

"O manejo de aplicação dele [fomepizol] é mais fácil. Por isso é uma alternativa que estamos buscando. Não tem grande circulação no mundo, mas fomos atrás dos produtores".

Na coletiva, Padilha também enfatizou a instalação, em Brasília, de uma "sala de situação" para monitorar os casos crescentes de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica e coordenar as medidas a serem adotadas.

O Ministério da Saúde afirma que a equipe técnica da sala de situação será composta por representantes dos ministérios da Saúde, Justiça e Segurança Pública, Agricultura e Pecuária, pelos conselhos Nacional de Saúde (CNS), Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), Anvisa e as secretarias de Saúde de São Paulo e Pernambuco.

Mortes em São Paulo
1 morte confirmada por intoxicação por metanol após consumo de bebida adulterada (com laudo e confirmação de ingestão de bebida adulterada) - um homem de 54 anos residente na capital paulista
5 mortes sob investigação (sem laudo e sob investigação das circunstâncias) - três na cidade de São Paulo (homens de 45, 50 e 70 anos) e duas em São Bernardo do Campo (dois homens de 49 e 58 anos de idade).
As autoridades não divulgaram oficialmente a identidade das vítimas, mas a TV Globo e o g1 conseguiram localizar alguns dos pacientes.

A seguir, conheça as histórias de pessoas que tiveram a vida profundamente afetada após o consumo de bebidas adulteradas.