Polícia

Caso Kel Ferreti ganha repercussão nacional após denúncia no Fantástico expor esquema de rifas ilegais

Ex-policial militar e influenciador digital é acusado de comandar quadrilha que movimentou R$ 33,7 milhões em sorteios fraudulentos pela internet

Por 7Segundos 06/10/2025 06h06 - Atualizado em 06/10/2025 07h07
Caso Kel Ferreti ganha repercussão nacional após denúncia no Fantástico expor esquema de rifas ilegais
Kel Ferreti - Foto: Reprodução/Instagram

O caso do influenciador alagoano Kel Ferreti, que já foi policial militar e se apresenta nas redes sociais como “empreendedor digital”, ganhou destaque nacional neste domingo (5), ao ser exibido pelo programa Fantástico, da Rede Globo. A reportagem revelou detalhes de um esquema milionário de rifas e sorteios ilegais que movimentou mais de R$ 33,7 milhões e que teria sido comandado pelo influenciador.

Segundo o Ministério Público de Alagoas (MPAL), Kleverton Pinheiro de Oliveira, de 40 anos, nome verdadeiro de Kel Ferreti, liderava uma organização criminosa que manipulava resultados de rifas e sorteios virtuais, enganando milhares de apostadores. O grupo anunciava prêmios de alto valor, mas reservava bilhetes vencedores, impossibilitando que o público tivesse chances reais de ganhar.

De acordo com as investigações, Laís Oliveira, influenciadora com mais de cinco milhões de seguidores, e seu marido, o criador de conteúdo Eduardo Veloso, faziam parte da engrenagem financeira do esquema. Entre janeiro e abril de 2024, Laís teria recebido quase R$ 1 milhão de empresas ligadas a Kel Ferreti, enquanto Eduardo recebeu R$ 456 mil no mesmo período. Ambos foram presos em Fortaleza, em dezembro do ano passado, durante a Operação Trapaça, mas acabaram soltos dias depois.

O coordenador do Gaesf, promotor Cyro Blatter, explicou que o esquema operava em plataformas sem qualquer controle ou regulamentação: “O que não é legalizado, por exemplo, ainda continua em funcionamento, como as bets chinesas e coreanas. Esse tipo de jogo não tem nenhum tipo de controle”, destacou.

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Durante a mesma operação, Kel Ferreti foi preso em Maceió, no apartamento onde vivia, e teve joias, celulares e cerca de R$ 20 mil em espécie apreendidos. Nas redes sociais, ele ostentava um padrão de vida luxuoso, com imóveis, carros importados e viagens internacionais, o que, segundo o Ministério Público, seria incompatível com os rendimentos declarados.

Histórico criminal e condenação por estupro

A trajetória de Kel Ferreti é marcada por outras controvérsias. Em 2022, ele foi expulso da Polícia Militar por filmar o próprio voto e divulgar o vídeo nas redes sociais — ato proibido pela lei eleitoral.

Já em 2023, o ex-PM foi denunciado por estupro de uma seguidora, que também seria uma das vítimas do esquema de rifas. O caso veio à tona dias após sua prisão pela Operação Trapaça. Ele foi condenado em primeira e segunda instâncias a 10 anos de prisão, pena posteriormente reduzida para 8 anos, em regime semiaberto.

Com a decisão judicial, Kel passou a cumprir a pena em casa, com tornozeleira eletrônica, devido à falta de presídios semiabertos em Alagoas. Atualmente, o influenciador tem liberdade para circular por Maceió, frequentar bares e restaurantes e manter sua presença ativa nas redes sociais — a única restrição é manter distância mínima de 500 metros da vítima.

Em nota, a defesa de Kel Ferreti negou que ele seja dono de plataformas de apostas e afirmou que sua participação se limitava à divulgação e publicidade de empresas do setor. Sobre o caso de estupro, o influenciador também nega as acusações e promete recorrer da condenação.

O Fantástico mostrou que, apesar das acusações e da tornozeleira eletrônica, Kel Ferreti continua levando uma rotina de influenciador em Maceió, despertando debates sobre a fiscalização das atividades de “gurus digitais” e a ausência de regulação no mercado de apostas online que cresce de forma acelerada no país.