Justiça

Justiça acata denúncia contra Kel Ferreti e mais oito por esquema de rifas ilegais e lavagem de dinheiro

Influenciador é apontado pelo Ministério Público como líder de organização criminosa

Por 7Segundos 07/10/2025 06h06 - Atualizado em 07/10/2025 07h07
Justiça acata denúncia contra Kel Ferreti e mais oito por esquema de rifas ilegais e lavagem de dinheiro
Kel Ferreti chorou e afirmou estar sendo perseguido - Foto: Reprodução/Redes Sociais

A 17ª Vara Criminal da Capital recebeu denúncia apresentada pelo Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL) contra o influenciador digital e ex-policial militar Kleverton Pinheiro de Oliveira, conhecido como Kel Ferreti, e outras oito pessoas. Eles são acusados de integrar uma organização criminosa voltada à exploração de jogos de azar, loterias ilegais e lavagem de dinheiro.

De acordo com a denúncia, Ferreti seria o líder do grupo, responsável pela estrutura financeira e pela divisão dos lucros obtidos com rifas virtuais consideradas irregulares. Ele também responderá por crimes contra a economia popular, relação de consumo e múltiplos atos de lavagem de bens, nove consumados e um na forma tentada.

Entre os réus estão a ex-esposa de Ferreti, Myla Andrade Duarte Rocha, e os influenciadores Igor Campioni de Meneses (conhecido como “Pai do Orgânico”), Laís Cristina Oliveira Inácio e Eduardo Veloso da Silva Aguiar. Todos são acusados de integrar a organização e de participar da exploração de rifas e jogos ilegais. Também figuram na ação Danielle Pinheiro Duarte, Selma Regina de Oliveira Sabino, Leandro Camilo e Mirele Caetano Moreira da Silva, denunciados por participação no grupo e por lavagem de recursos.

Divisão dos lucros e movimentações suspeitas

A investigação do MP/AL revelou que a renda obtida com as rifas era distribuída principalmente via PIX, com base em acordos verbais entre os envolvidos. Segundo os promotores, Laís Cristina recebia 50% dos lucros, Kel Ferreti 20%, Eduardo Veloso e Igor Campioni 10% cada, e o restante era destinado ao pagamento de taxas do site.

As apurações apontaram movimentações financeiras incompatíveis com a renda declarada dos denunciados. A empresa KP Publicidade LTDA, ligada a Ferreti e Campioni, movimentou cerca de R$ 499 mil em apenas 15 dias, com transferências fracionadas que variavam de R$ 0,75 a R$ 225,00.

Myla Duarte, ex-esposa de Ferreti, teria recebido R$ 307 mil apenas em janeiro de 2024, provenientes de publicidade de casas de apostas e rifas. Ela também teria feito saques em espécie de R$ 190 mil e R$ 366 mil, montantes considerados suspeitos pelos investigadores. Já Laís Cristina movimentou R$ 931 mil entre janeiro e abril de 2024, enquanto Eduardo Veloso recebeu R$ 459 mil, dos quais R$ 423 mil foram transferidos à influenciadora, reforçando a suspeita de triangulação financeira.

Lavagem de dinheiro e empresas de fachada

O MP/AL sustenta que o grupo utilizava as empresas KP Publicidade, Voluti e Moneta para disfarçar a origem ilícita dos valores obtidos com os jogos ilegais. As operações envolviam rifas online, fraudes bancárias e o uso de empresas de fachada para movimentação de recursos.

O influenciador Igor Campioni, que firmou acordo de colaboração premiada com o Ministério Público, teve o pacto homologado pela Justiça, mas o pedido de perdão judicial antecipado foi negado, devendo ser reavaliado após a conclusão da instrução criminal.

Processo em andamento

Com o recebimento da denúncia, a Justiça determinou a citação dos acusados, que terão dez dias para apresentar resposta à acusação. O processo seguirá agora para a fase de instrução, etapa em que serão analisadas as provas e os indícios de autoria dos crimes investigados.

O caso ganhou grande repercussão nas redes sociais, especialmente por envolver nomes conhecidos do público alagoano e um volume expressivo de recursos movimentados de forma ilícita, segundo o Ministério Público.