Polícia

Sesau afasta dez servidores após operação da PF investigar desvios na Saúde

Medida foi adotada após decisão do TRF-5 que afastou o ex-secretário Gustavo Pontes

Por 7Segundos 19/12/2025 14h02 - Atualizado em 19/12/2025 15h03
Sesau afasta dez servidores após operação da PF investigar desvios na Saúde
Sede da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas, em Maceió, alvo de medidas após operação da Polícia Federal - Foto: Divulgação/PF

A Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau) determinou, nesta sexta-feira (19), o afastamento temporário de dez servidores após a deflagração de uma operação da Polícia Federal que investiga um suposto esquema milionário de desvios de recursos públicos na área da Saúde.

A decisão ocorre após o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) decretar o afastamento do então secretário Gustavo Pontes do exercício da função pública pelo período de 180 dias. Com isso, o secretário interino da pasta, Emanuel Victor, publicou no Diário Oficial do Estado o ato que estende a medida cautelar a outros dez servidores, também pelo prazo de seis meses. Até o momento, não há confirmação oficial de que todos os afastados tenham participação direta nas irregularidades investigadas.

Em nota, a Sesau informou que os afastamentos estão relacionados à Operação Estágio IV, deflagrada pela Polícia Federal na última terça-feira (16). Segundo a secretaria, a medida é preventiva e tem como objetivo assegurar que as investigações ocorram de forma isenta, técnica e sem qualquer tipo de interferência administrativa.

A pasta destacou ainda que foi instituída uma comissão especial, formada por representantes do Gabinete Civil, da Controladoria-Geral do Estado (CGE) e da Procuradoria-Geral do Estado (PGE), que ficará responsável por fornecer informações aos órgãos de controle e investigação, garantindo o devido processo legal, o contraditório e a presunção de inocência dos envolvidos.

Entre os servidores afastados estão Luiz Dantas, assessor do gabinete da Saúde; Lucas Mateus Barros Monteiro, assessor técnico de Serviços de Engenharia e Arquitetura; Luciano André Costa de Almeida, assessor especial; além de Yuri Amaral Almeida, Reinaldo Fernandes Júnior, Henrique Pereira de Lima, Aline Félix Santiago Pereira, Neurivan Calado Barbosa, Franklin Pedrosa de Carvalho e Raul Pereira de Lima. Os cargos de parte deles não foram detalhados oficialmente.

A Operação Estágio IV apura a existência de um esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro em Alagoas, com indícios de favorecimento em contratos emergenciais firmados pela Sesau entre os anos de 2023 e 2025. De acordo com a Polícia Federal, duas empresas, uma do setor de material hospitalar e outra da construção civil, teriam sido beneficiadas, com pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos.

As investigações também apontam a aquisição de uma pousada no município de Porto de Pedras, em 2023, no valor de R$ 5,7 milhões, além de gastos com viagens internacionais e despesas pessoais incompatíveis com a renda declarada. Os contratos sob suspeita somam cerca de R$ 100 milhões, parte deles ainda em execução.

Há ainda indícios de desvios de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de ressarcimentos supostamente superfaturados de consultas e procedimentos médicos que não teriam sido realizados, com prejuízo estimado em mais de R$ 18 milhões.