Brasil

Em diálogos vazados, procuradores criticam Moro: "viola sistema acusatório"

Preocupados com a entrada de Moro na política, que para eles poderia prejudicar a credibilidade da Operação Lava Jato

Por UOL 29/06/2019 11h11
Em diálogos vazados, procuradores criticam Moro: 'viola sistema acusatório'
Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública - Foto: (José Cruz/Agência Brasil)

Em novas conversas divulgadas hoje pelo site "The Intercept Brasil", procuradores do MPF (Ministério Público Federal) criticaram o então juiz Sergio Moro às vésperas do convite para assumir o Ministério da Justiça.

Preocupados com a entrada de Moro na política, que para eles poderia prejudicar a credibilidade da Operação Lava Jato, os procuradores chegaram a criticar violações éticas de Moro tanto em sua entrada no governo quanto em decisões jurídicas anteriores.

Responsável pelas decisões em primeira instância da Lava Jato - entre elas a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do tríplex de Guarujá (SP) -, Moro era juiz federal da 13ª Vara de Curitiba.

Responsável pelas decisões em primeira instância da Lava Jato - entre elas a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do tríplex de Guarujá (SP) -, Moro era juiz federal da 13ª Vara de Curitiba.

Em um diálogo de 1º de novembro, momentos antes da confirmação da ida de Moro ao governo Bolsonaro, a procuradora Monique Cheker escreveu em um grupo intitulado BD (todas as mensagens foram transcritas como estão no "The Intercept"): Moro viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados.

O grupo discutia o modo de agir de Moro ainda como juiz federal. O procurador Ângelo Augusto Costa, procurador do MP em São Paulo, chegou a dizer que "eu não confio no Moro, não".

"Moro é inquisitivo, só manda para o MP quando quer corroborar suas ideias, decide sem pedido do MP (variasssss vezes) e respeitosamente o MPF do PR sempre tolerou isso pelos ótimos resultados alcançados pela lava jato", escreveu Monique, dizendo que a "fama" de Moro era antiga. "Desde que eu estava no Paraná, em 2008, ele já atuava assim.".

"Fez umas tabelinhas lá, absolvendo aqui para a gente recorrer ali, mas na investigação criminal - a única coisa que interessa -, opa, a dupla polícia/ juiz eh senhora", afirmou Ângelo.