Minorias e crianças foram os mais atingidos pela pandemia, aponta relatório europeu
A pandemia de Covid-19 teve um efeito "sem precedentes e profundo" nos direitos, o que alimentou o racismo e provocou o "sofrimento de muitas crianças". O dado consta em um relatório publicado nesta quinta-feira (10) pela Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (UE).
A situação "exacerbou os desafios e desigualdades existentes em todos os âmbitos, afetando em particular os grupos vulneráveis", afirma o capítulo que aborda a Covid-19 no relatório 2021 sobre os direitos fundamentais. Muitos dos 27 países integrantes do bloco decretaram estados de emergência e "concederam aos governos poderes extraordinários de tomada de decisões que limitaram os direitos humanos em seu conjunto", afirma o documento da agência europeia, que tem sede em Viena.
Entre as categorias mais afetadas estão idosos, crianças, ciganos, refugiados, migrantes e pessoas com deficiência. As mulheres também foram "afetadas de forma desproporcional", seja no emprego, conciliação da vida profissional e familiar ou na saúde, em razão da elevada representatividade nos setores considerados "essenciais".
"A pandemia aumentou a discriminação, os crimes de ódio e a incitação ao ódio contra as minorias, especialmente contra as pessoas de origem imigrante e a população cigana", destaca o documento. As crianças "sofreram durante a pandemia, especialmente as que vivem em ambientes social ou economicamente desfavoráveis. A educação à distância foi complicada sem acesso à internet ou computadores", diz o texto.
Abuso infantil
Na Romênia, por exemplo, onde as escolas permaneceram fechadas por grande parte do ano, 25% das crianças não tiveram acesso a aulas virtuais, segundo a ONG 'Save the Children', citada no relatório. "O abuso infantil também aumentou durante o confinamento e a quarentena, assim como o número de casos de abuso sexual on-line", completa o documento, com base em dados da agência policial Europol.
Em termos gerais, a violência doméstica também aumentou no período. Na República Tcheca e Alemanha, por exemplo, o número de ligações para os serviços de assistência aumentou 50% e 20%, respectivamente, entre março e junho de 2020. "A Covid-19 testou a força dos sistemas de proteção dos direitos fundamentais em toda a UE", destacou Michael O'Flaherty, diretor da FRA, em um comunicado. "Os governos devem estabelecer estruturas sustentáveis para lutar contra as desigualdades, o racismo e a exclusão", completou.