Lula diz que vai avaliar autonomia do Banco Central; especialistas veem retrocesso
O presidente criticou a instituição por manter a taxa de juros em 13,75% e sugeriu reverter a independência do banco

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), criticou a atuação do Banco Central, após o Comitê de Política Monetária da instituição ter mantido a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, e sugeriu revisar a autonomia do banco. Economistas veem com preocupação a fala do chefe do Executivo e dizem que reverter a independência do BC é um retrocesso.
A fala de Lula foi em entrevista na noite de quinta-feira (2). O presidente comentou que a independência do Banco Central é “bobagem” e disse que vai falar com o Congresso Nacional sobre o assunto.
“Vamos perguntar para o presidente da Câmara, para o presidente do Senado se eles estão felizes com a atuação do Banco Central, porque eu acho que eles imaginavam que, fazendo o Banco Central autônomo, a economia voltaria a crescer, o juro iria abaixar e tudo iria ser maravilhoso, e não é”, reclamou.
"Este país está dando certo? Este país está crescendo? O povo está melhorando de vida? Não. Então eu quero saber de que serviu a independência. Eu vou esperar esse cidadão [Roberto Campos Neto, presidente do BC] terminar o mandato dele para a gente fazer uma avaliação do que significou o Banco Central independente", acrescentou.
A economista Zeina Latif diz que reverter a independência do Banco Central seria negativo. “Seria bem ruim. A autonomia foi uma conquista. É um desenho institucional que contribui para melhorar o quadro de um país com inflação e juros altos. Quando há autonomia, é possível dar mais previsibilidade à política econômica e ajudar a ancorar a inflação. Seria um grande retrocesso mexer em uma coisa que está funcionando bem”, opina.
Na avaliação de Zeina, ao criticar a atuação do Banco Central, Lula tenta eximir a gestão dele no caso de resultados negativos na economia. “A impressão que dá é de que existe um cálculo político de responsabilizar o Banco Central e dizer: ‘Olha, os números não estão bons, mas a culpa não é nossa’”.
Para o economista Roberto Luis Troster, caso o Banco Central atendesse ao pedido de Lula e diminuísse a taxa de juros agora, o prejuízo viria a longo prazo. “O Brasil poderia ter um benefício agora, mas teria um custo no futuro. Se baixar os juros hoje, a inflação será maior lá na frente. Assim, em vez de trocar seis por meia dúzia, o governo trocaria seis por uma dúzia. A independência blinda o Banco Central de cometer esse tipo de política de gastar mais agora para ter mais inflação no futuro”, explica.
A autonomia do Banco Central existe desde fevereiro de 2021. Segundo a lei, os mandatos do presidente e dos diretores da instituição passaram a ter vigência não coincidente com o do presidente da República.
Pelas regras da lei, os mandatos no Banco Central serão de quatro anos, e haverá um escalonamento para que, apenas no terceiro ano de um mandato presidencial, a maioria da diretoria e o presidente do BC sejam indicados pelo presidente da República.
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