Política

Volta da obrigatoriedade de extintores de incêndio em carros está na pauta do Senado em 2025

Extintores de incêndio em carros de passeio deixaram de ser obrigatórios em 2015

Por R7 28/01/2025 09h09
Volta da obrigatoriedade de extintores de incêndio em carros está na pauta do Senado em 2025
Obrigatoriedade do uso de extintores de incêndio em carros - Foto: Agência Brasil

O plenário do Senado deve votar em 2025 o projeto de lei que retoma a obrigatoriedade do extintor de incêndio em automóveis de passeio e veículos utilitários. A proposta tramita sob a forma do PLC 159/2017 e tem origem em iniciativa do deputado Moses Rodrigues (União-CE).

Apesar de avançar na Casa, o tema ainda divide opiniões entre os parlamentares, sem consenso até o momento.

A obrigatoriedade do uso de extintores de incêndio em carros de passeio acabou em 2015, por meio de uma resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito). A decisão foi justificada, na época, pela evolução tecnológica dos sistemas de segurança automotiva e pela baixa incidência de casos em que os equipamentos eram utilizados de forma eficaz.

Estudos apresentados pelo Contran indicavam que os sistemas modernos de proteção contra incêndios, somados à raridade de sinistros que poderiam ser controlados por extintores, tornavam a obrigatoriedade desnecessária.

Ainda assim, extintores do tipo ABC continuaram sendo exigidos para caminhões, veículos de transporte de produtos inflamáveis e veículos de transporte coletivo.

Esses extintores são projetados para combater incêndios de classe A (materiais sólidos como plástico, madeira e tecido), classe B (líquidos inflamáveis como gasolina e álcool) e classe C (equipamentos elétricos energizados, como baterias e fios).

A proposta em discussão no Senado visa alterar o CTB (Código de Trânsito Brasileiro) com o intuito de incluir novamente o extintor de incêndio como item obrigatório nos carros de passeio e veículos utilitários. Segundo o texto, os fabricantes não serão obrigados a incluir o extintor nos carros, mas o item precisará ser adquirido separadamente pelos proprietários.

O projeto passou por análises em dois colegiados do Senado, com opiniões divergentes. Em 2019, a CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) rejeitou o texto, com base em parecer do senador Styvenson Valentim (Podemos-RN), que argumentou contra a obrigatoriedade.

Em 2024, a matéria recebeu parecer favorável na CTFC (Comissão de Fiscalização e Controle), sob relatoria do senador Eduardo Braga (MDB-AM).

O projeto está pronto para ser votado no plenário do Senado, mas ainda não há previsão para a análise. Caso aprovado, o texto segue para sanção presidencial.

Argumentos a favor do extintor

Na CTFC, Eduardo Braga defendeu a proposta, argumentando que os extintores são um item de segurança essencial, de fácil operação, eficiente no combate a incêndios e de custo relativamente baixo. Durante a votação de seu parecer, Braga declarou:

“Não são R$ 80, em um bem com valor de cerca de R$ 80 mil, que vão fazer diferença nos gastos dos proprietários de veículos. Lamentavelmente, os bombeiros não têm estrutura para atender as vítimas com a devida celeridade e, por isso, faz diferença a existência de um instrumento como esse dentro dos carros. É uma questão de garantir segurança.”

O senador também destacou que 17% dos recalls de automóveis no Brasil são motivados por falhas que podem causar incêndios.

Ele lembrou que o Brasil é signatário da Regulação Básica Unificada de Trânsito, um acordo firmado com países da América do Sul (Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai) que exige o extintor para a circulação de veículos entre esses territórios.

Outro apoiador da medida é o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB). Apesar de a indústria automobilística argumentar que carros novos possuem sistemas de segurança suficientes, dados recentes mostram que diversos modelos modernos enfrentam problemas relacionados a incêndios, segundo ele.

Rêgo citou o caso da Renault, que em 2015 realizou uma campanha de recall para 33.974 carros devido ao risco de incêndios.

A resistência à obrigatoriedade

Apesar dos argumentos a favor, há resistência entre alguns parlamentares e setores da sociedade, principalmente em relação à eficácia prática dos extintores e à necessidade de sua obrigatoriedade.

Críticos apontam que a medida pode gerar custos adicionais para os proprietários de veículos sem necessariamente melhorar a segurança de forma significativa.

Além disso, o extintor de incêndio é um item que exige manutenção periódica e capacitação para o uso correto, algo que nem sempre é seguido pela população.

O Contran, quando eliminou a obrigatoriedade em 2015, argumentou que o uso inadequado do equipamento poderia colocar os motoristas em situações de risco, especialmente em casos de incêndios graves.