Marco Nanini está prestes a estrear sua primeira peça online aos 72 anos. À Veja Rio, o ator contou que encarar o novo trabalho - "As cadeiras", de Eugène Ionesco - foi também um suspiro de alívio durante o cenário da pandemia no Brasil. 

"Passei mais de um ano em quarentena e isso me deixou frustrado, tristíssimo. Nunca tinha ficado tanto tempo parado na vida. Percebi que voltar a atuar seria uma maneira de respirar de novo. Arte é o que me faz bem, então resolvi encarar a novidade de fazer uma peça on-line, por mais que tivesse medo".

Durante conversa, o ator ainda comentou acreditar que as peças online não são apenas uma alternativa para os artistas retomarem aos palcos como também uma possível tendência.

"Por agora, elas são uma opção para quem não quer fazer um teatro amarrado, limitado a plateias de pouquíssimas pessoas. Mas, mesmo depois, acredito que o formato se mantenha".

Nanini disse acreditar que a nova linguagem está "cativando um público bom". 

"Na verdade, a demanda do público, que não esmoreceu, revela a grandeza do teatro".

Apesar do entusiasmo em retornar ao palcos - ainda que de dentro de casa - o ator revelou estar enfrentando uma batalha contra a depressão. Para ele, o cenário da pandemia vai criar uma "enorme cicatriz emocional" em todos.

"Eu tenho uma depressão que vai e volta, e desta vez foi profunda. Via TV e ficava arrasado, as pessoas morrendo, as imagens dos lugares que eu frequentava, os restaurantes, os teatros, tudo fechado. Também a falta de convívio com o povo da cultura foi um baque".

Nanini ainda comentou que acabou contraindo a covid-19 no início do isolamento social no ano passado. Ele estava cumprindo as medidas em casa, até receber um amigo que desconfiava estar infectado.

"Eu sabia que ele poderia estar doente, mas achei que preservando a distância, não me contaminaria. Estava errado".

Apesar de ter testado positivo para a covid-19, os sintomas do ator foram leves e então ele conseguiu se recuperar. 

Homossexual, Nanini também revelou que se sente mais seguro para falar sobre a temática hoje em dia.

"Me sinto absolutamente seguro e maduro para declarar isso. Não quero fazer disso um drama nem discutir por que sim ou por que não. São muitos os casos de violência física contra gays. Quanto mais eu assumir a minha parte nesse assunto, melhor, mas sem aquele chantili que costuma cobrir as fofocas. Isso é assunto sério".