Edilson Capetinha vai defender o Taboão da Serra aos 45 anos
O Capetinha voltou. Aos 45 anos, Edilson vai atuar na quarta divisão do Campeonato Paulista com a camisa do Clube Atlético Taboão da Serra (CATS). O atacante terá função dentro e fora de campo neste novo desafio. Além de balançar as redes, ajudará os garotos do clube da Grande São Paulo a deixar o futebol “menos chato”. Pessoalmente, terá a oportunidade de voltar aos holofotes por causa do futebol – em setembro foi acusado pela Polícia Federal de participar de um esquema para fraudar pagamentos de loteria.
Edilson assinou contrato de um ano com a nova equipe, mas ainda não tem data certa para retornar aos gramados – a Federação Paulista não definiu a data de início da quarta divisão. O mais provável é que a estreia do Capetinha seja em março. Antes disso, o jogador auxiliará as categorias de base.
Taboão é cidade-sede da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Por isso, Edilson já se apresentou aos garotos do time sub-20. Em conversa de 30 minutos, falou sobre o início da carreira, lembrou o início no modesto Tanabi, do interior de São Paulo, e mostrou que é possível sonhar.
– Passa um filme (na cabeça), porque o Tanabi tinha mais ou menos essa estrutura. É um filme legal, não foi fácil, mas eu consegui o meu objetivo, cheguei à Seleção e fui pentacampeão mundial. Depois de tudo o que passei, conseguir esse objetivo. Você se lembra de tudo, dormir embaixo de arquibancada, estar em vestiários mais modestos como esse. Hoje eu me vi assim, junto a meninos. Sei que eles podem conseguir isso também – disse o Capetinha.
A contratação do atacante faz parte de um projeto que o Taboão iniciou na temporada passada. Na quarta divisão, a Federação permite a inscrição de apenas três jogadores com mais de 23 anos. A ideia é que um destes seja um medalhão com carreira já consagrada.
Em 2015, a aposta foi em Viola. Em nove partidas, o centroavante marcou nove gols, mas não conquistou o acesso à Série A3. Edílson, que também só jogará as partidas em casa, promete balançar as redes ainda mais vezes do que o ex-companheiro. Mais ainda, atender ao pedido do presidente Anderson Nóbrega e deixar a disputa estadual mais atrativa, com jogadas de efeito.
– O presidente falou que o Viola fez um gol por partida, nove gols, eu vou ter que bater o Viola. Vou tentar fazer isso. Agora caneta... vão ser tantas que vocês vão perder a conta. É o meu estilo, uma coisa que eu sei fazer. Espero que eu dê caneta e faça muitos gols pelo Taboão, ajudando o time a subir de divisão – projetou em bom humor.
Segundo Edilson, a chegada ao Taboão da Serra é resultado de uma loucura de Anderson Nóbrega. O mandatário não saiu do pé do jogador até que convencê-lo de ao menos conhecer o projeto.
– Estamos atrás do Edilson há uns dois ou três anos. No ano passado tentei a contratação, mas acabou não dando certo. Eu pensei: eu não quero fazer o que todo mundo faz no futebol. Eu vou fazer diferente. Quis trazer o Edilson para ele mostrar à molecada o jeito alegre de jogar bola. O futebol está muito chato – explicou Anderson.
– A minha ideia é que ele seja o exemplo dentro do campo de coragem e personalidade. Lógico que abrange uma coisa maior. Todo mundo vai querer saber como está o Edílson Capetinha, aquele da embaixadinha, que ia para cima do Real Madrid (no Mundial de 2000, atuando pelo Corinthians). Quem vier ao estádio vai ver um cara que tem a idade avançada, mas está bem, com uma conduta exemplar de treino. Acho que vai ser um show à parte – disse o dirigente.
A parte física parece não preocupar realmente. Aos 45 anos, Edilson disputou o Mundial de Futevôlei em 2015 e ainda participou de vários amistosos com a seleção brasileira master. Com bom humor, logo depois de vestir a camisa do Taboão, perguntou onde poderia encontrar uma chuteira para jogar ao lado dos garotos do sub-20.
– É o que menos me preocupa. Eu sempre me cuidei muito. Tenho experiência, posso usufruir dentro de campo, não preciso de muita coisa. Nunca tive problema com lesão, estou jogando mundial de futevôlei, então estou me sentindo muito bem. Só arrumar um esquema tático para correr menos e fazer os gols. Só finalizando para ajudar os meninos – ponderou o atacante, que ainda não sabe com quem combinará esse esquema, já que um técnico não foi contratado.
A última partida profissional de Edilson foi em 2011, com o Bahia. Desde então, voltou a ser manchete em outras editorias. O atacante é acusado pela Polícia Federal de participar de uma organização criminosa que fraudava pagamentos de loteria – sua função seria aliciar gerentes de agências bancárias.
– É até bom voltar a jogar porque a mídia sempre esteve comigo de forma positiva e aconteceu esse negócio aí. Por causa de um telefonema que eu recebi, eu tive este problema. Mas está tudo tranquilo, tenho certeza que não estou envolvido em nada. Eu mesmo me apresentei, quero ajudar a Polícia Federal a desvendar isso que aconteceu comigo para que não venha a ocorrer mais noticiários ruins envolvendo o meu nome – destacou.
Pela vontade de Edilson de abafar as notícias negativas dos últimos meses, quem comparecer ao Estádio Municipal de Taboão da Serra em 2016 pode alimentar a esperança de ver aquele conhecido atacante endiabrado em campo.